21/01/25

Filigree "S/t"

Curiosamente ou talvez não, um dos melhores novos discos de folk rock britânico que escutei em 2024 foi gravado em 1973. Um facto extraordinário que por si só diz muito ou quase tudo sobre o actual estado das artes. 

Resultado da adição de dois duos folk oriundos do Hertfordshire – Chris e Roger Jeffery + Pat Turner e Pete Cunningham -, os Filigree detinham até há pouco um parco espólio discográfico que se materializava no single “Yo, Yo Man / Morning has begun” publicado pela Orange em 1973, uma fugaz participação no clássico de folk gótico “Sweet Williams Ghost” da dupla George Deacon & Marion Ross além da inclusão de dois temas num álbum privado e virtualmente impossível de localizar: “Pirton Live”. 

No verão de 2024 a Bright Carvings recuperou o aparentemente único acetato resultante das sessões que os Filigree levaram a cabo em 1973. Trata-se de um conjunto de títulos de folk / rock contemporâneo ( à época ) parcimoniosamente repartidos entre originais, tradicionais e versões. 

“Meet on the ledge” ( Richard Thompson ) e “No regrets” ( Tom Rush ), são desde sempre duas das minhas criações preferidas e a sua inclusão, naturalmente, também ajudou a chamar a minha atenção. Não obstante, as versões, minimalistas e empenhadas, não atingem o brilhantismo dos respectivos originais, o que de resto era expectável. 

Ao contrário, os tradicionais “Banks of the Lea”, “Shearings” e “Coventry Carol”, acompanham muito bem “Morning has begun” e “Snow Maiden”, dois belíssimos originais ambos assinados e deliciosamente vocalizados por Pat Turner. 

Por ora “Filigree” foi objecto de uma edição em vinil, limitada a 157 cópias. Caso corram nesta pista não se distraiam …

 

19/01/25

Leituras




"Terrascopaedia nº 24"

Edição Phil McMullen, UK, 28 páginas

Janeiro 2025


"Lindo Sonho Delirante Vol. 2"

Bento Araújo, Edição Poeira Press, Brasil, 230 páginas

2018

05/01/25

Lost Nuggets ( 192 )


The Sun Also Rises "S/t" ( Village Thing VTS 2 ), Lyric insert, UK, 1970

- "Until I do" ( Phil Sawyer / Graham Hemingway )
- "Wizard Shep" ( Graham Hemingway )
- "Part of the room" (Graham Hemingway )
- "Green Lane" ( Richard Silvester / Graham Hemingway )
- "Tales of Jasmine and Suicide" ( Graham Hemingway )
- "Flowers" ( Heather Holden / Graham Hemingway )
- "Song of Consolation" ( Spike Woods / Graham Hemingway )
- "Suddently it's evening" ( Graham Hemingway )
- "Death" ( Traditional )

The Sun Also Rises: Anne  Hemingway ( voz, dulcimer e percussão ) e Graham Hemingway ( canções, voz e guitarra acústica ), com John Turner ( baixo ) e Andy Leggett ( assobio )

Produção: The Sun Also Rises, Ian Anderson e Gef Lucena.

Capa: design de Andy Leggett, foto no verso de Graham Kilsby.

23/12/24

Leituras


"O ouvidor do Brasil, 99 vezes Tom Jobim
Ruy Castro, Tinta da China, 230 páginas, 2024

"Tino Flores, Uma Utopia Bela e Generosa"
Mário Correia, Sons da Terra, 224 páginas, 2022

20/11/24

Lost Nuggets ( 190 )


Galaxie 500 "On Fire" ( Rough Trade ) USA/UK, 1989

- "Blue Thunder"
- "Tell Me"
- "Snowstorm"
- "Strange"
- "When will you come home"
- "Decomposing trees"
- "Another day"
- "Leave the Planet"
- "Plastic bird"
- "Isn't it a pity" ( George Harrison ) 

Galaxie 500: Dean Wareham ( canções, voz e guitarra ), Damon Krukowski ( canções, bateria e percussão ) e Naomi Yang ( canções, voz e baixo ) com Ralph Carney ( sax tenor ) e Kramer ( coros e orgão em "Isn't it a pity" ).

Produção e notas na contracapa de Karmer.

Gravação: Noise New York Studio.


Sounds, 28 Outubro 1989




Blitz, 26 Dezembro 1989 

15/11/24

Crosby, Stills, Nash & Young "Live at Fillmore East, 1969"

 


What we lacked in finesse we made up for in enthusiasm. The better arrangements were still to come. A band on the run. Expecting to fly.” ( Stephen Stills, no booklet da edição )


Stills acertou na mouche. Revisão da matéria dada. Pouco a acrescentar e nada a retirar.

Live at Fillmore East, 1969” ( 20 de Setembro para sermos precisos ) é uma curiosidade histórica, apenas.

As prestações acústicas estão próximas das que já conhecíamos de “Four Way Street”, captadas em Junho e Julho do ano seguinte.

O alinhamento eléctrico é algo mais entusiasmante. Sendo que para tal concorrem os  extensos 16m19s que dura “Down by the river”, com Stills, Crosby, Greg Reeves e Dallas Taylor a ocuparem muito bem o espaço dos Crazy Horse em “Everybody knows this is nowhere”, bem como o hoje relativamente esquecido “Sea of Madness”, não obstante ter feito parte da banda sonora de “Woodstock” e integrado o Volume I dos Neil Young Archives.

No mais trata-se “do mercado a funcionar”.

13/11/24

Lost Nuggets ( 189 )


Eclection "S/t" ( Elektra EKL/EKS 74023 ) USA/UK, 1968

- "In her mind"
- "Nevertheless" ( Rosen )
- "Violet dew"
- "Will tomorrow be the same"
- "Still i can see"
- "In the early days"
- "Another time, another place"
- "Morning of yesterday"
- "Betty Brown"
- "St. George and the Dragon (Up the Knight)" ( Rosen )
- "Confusion" ( Rosen )

Eclection: Kerrilee Male ( voz ), Michael Rosen ( canções, voz, guitarra acústica, eléctrica e trompete ), Georg Hultgreen ( canções - excepto as indicadas -, voz, guitarras acústica e eléctrica ), Trevor Lucas ( voz e baixo ), Gerry Conway ( bateria e coros ).

Produção de Ossie Byrne
Orquestração e arranjos de Phil Dennys
Foto da capa de Joel Brodsky
Foto interior e design de William S. Harvey



Etiquetas USA e UK ( versões stereo )



Revista ZIGZAG nº 7, Novembro 1969




EP, Edição Portugal


EP Promocional, Edição Portugal

30/10/24

KEITH NOBLE "Mr. Compromise"

Mr Compromise” corporiza um paradoxo. Está longe de ser um álbum capital para a maioria dos que dele têm conhecimento e, no entanto, é-o para a legião dos Pink Floyd irredutíveis. 

Explicando: no início dos anos 60 Keith Noble esteve na origem dos Meggadeaths, uma banda obscura na qual militavam também a irmã Shelagh, Clive Metcalfe, Vernon Thompson, Nick Mason e Richard Wright. 

Os Meggadeaths deram origem aos Sigma 6 e estes, por seu turno, aos Abdabs. Por esta altura um jovem estudante de arquitectura de nome Roger Waters passa a integrar o projecto. A partir daqui, o caminho sonoro em direcção aos Pink Floyd estava descoberto. 


Detentor de um novo estatuto, o de baixa colateral, Keith Noble dedica-se à composição. Em parceria com Clive Metcalfe escreve “A summer song”, um tema que em Outubro de 1964 catapultou o duo Chad & Jeremy para o top da Billboard. 

No entretanto vai compondo e gravando. No final de 1970 publica o resultado dessas actividades, “Mr. Compromise”. A edição foi privada, materializada num insignificante número de cópias oferecidas a amigos e membros da família. Um mito/lenda acabara de nascer no seio dos fãs dos Floyd.
 

Mr. Compromise” merecerá a fama que o precede? Sim, não ou ainda talvez. Rigorosamente nada a ver com Pink Floyd ( qualquer que seja o ângulo ou a época que se aborde ), os 10 temas que compõem o álbum, porventura por terem sido compostos e gravados em diferentes épocas, carecem de uniformidade.

O lado A, exceptuando o tema título, fica muito aquém das expectativas, e as hipotéticas comparações com Al Stewart ou Roy Harper são manifestamente exageradas.

O lado B é por seu turno, francamente interessante. “Dandelions have their day”, “Weather”, “King of Iceman” e “Ashes and Silver” são das melhores filigranas, aqui e ali experimentais, que o psych-folk britânico da época foi capaz de produzir. E, estes sim, são temas a escutar com a devida atenção.

A mais de meio século de distância, percebe-se que “Mr. Compromise” não poderia ter tido título mais adequado.


26/10/24

Heroes are hard to find ( 100 )


Phil Lesh

( 15 Março 1940 - 25 Outubro 2024 )

20/10/24

Artefactos ( 137 )


Jornal "Se7e", Julho 1984


14/10/24

Jardins do Paraíso ( 86 )

 


Publicado no México em 1969, embora gravado em Janeiro do ano anterior na República Dominicana por um colectivo de músicos porto-riquenhos, “Kaleidoscope” permanece um disco raríssimo e porventura uma das maiores obscuridades do período em apreço.

Na altura em que o álbum foi concebido, o psicadelismo, designadamente o americano, encontrava-se no seu zénite. Daí não ser estranho que “Kaleidoscope” seja sobretudo influenciado pelas sonoridades americanas e quase nada por aquelas que atravessavam o Atlântico.

O fuzz, os riffs e um omnipresente órgão planante não deixam espaço para a mais pequena dúvida. The Doors, 13th Floor Elevators ou Iron Butterfly, corporizam algumas das sonoridades que assomam à memória quando se escutam temas como “Hang out”, “Hole in my life”, “Colours” ou “I’m here, he’s gone, she’s cryin”. As guitarras em modo fuzz e/ou riff, vão colorindo as telas que o órgão ( muito “The End” /  “When the music’s over” ) cria de forma obsessiva e hipnotizante.

E depois há “Once upon a time there was a world”; uma suite que resume toda a essência da linguagem psicadélica da época. Tão líricos quanto dramáticos, os 8m 10s  que a compõem definem na perfeição o legado único do colectivo Kaleidoscope.

Se existem reedições oportunas e necessárias, esta é seguramente uma delas.