07/10/24
25/09/24
Lost Nuggets ( 188 )
09/09/24
Lost Nuggets ( 187 )
07/09/24
Leituras
30/07/24
Jardins do Paraíso ( 85 )
Como Fred Neil, Scott Walker, Phil Ochs ou Tim Buckley, Tim
Hollier possuía uma daquelas vozes “larger than life”, um instrumento adicional
que de forma quase cinematográfica coloria as suas melodias e projectava os
textos de Rory Fellowes.
“Message to a Harlequim”, o primeiro álbum é muito isso, mais
o que somam os arranjos, órgão e piano de John Cameron, a flauta de Harold
McNair e o baixo de Danny Thompson.
Alicerçada em temas como o que titula o álbum, “Jimmy”, “And
I”, “Hanne” ou “In Silence”, e face ao
que neles se escuta, a estreia de Hollier terá de ser analisada à luz daquela
sonoridade épica e paisagística que bordejava o primeiro de David Ackles, o
segundo de Buckley ou os primeiros álbuns de Tom Rush e Tim Hardin.
Prometia muito e hoje, à distância de cinco décadas,
conclui-se que cumpriu sem rebuço nem hesitação. Porém, Hollier não era
americano e o Reino Unido estava a despedir-se do psicadelismo em direcção ao
progressivo. Não havia espaço para trovadores dos sentidos. O álbum, publicado
em Outubro de 1968, passou largamente incógnito.
David Hemmings seria todavia premonitório ao escrever as notas na contracapa do disco: “… if he is your speed you will be waiting impatiently as I am for his next.”
Um clássico do primeiro ao último tema, passando pela capa (
da autoria de Rick Cuff, também responsável pela guitarra acústica e piano )
“Tim Hollier” é um trabalho cuidado, frágil na estrutura e nos processos, mas
que avaliado pelo todo se posiciona como um dos grandes discos de 1970.
John Cameron não estava disponível, logo os arranjos de
cordas que pululavam no álbum anterior estão ausentes. Nada que afecte o
resultado final. A escrita e a composição, partilhadas entre Tim Hollier /
Amory Kane / Rory Fellowes, são acomodadas pelo já referido acompanhamento de
Cuff, a que se juntam a flauta de Ed Coleman, a guitarra de Hector Sepúlveda, e
a voz, piano e guitarra acústica de Amory Kane.
“Seagull’s Song” é extraordinário, como o são também
“Evolution”, “Maybe you will stay“, “In this room” ou “Evening Song”.
A influência de Tim Buckley, omnipresente no álbum estreia,
partilha agora o espaço com o paradigma sonoro Donovan, o que não é de todo uma
má notícia.
Fevereiro de 1971, “Skysail”. As orquestrações de John
Cameron estão de volta. Seria suposto terem algum protagonismo, harmonizando o
resultado final. Nada disso acontece porém.
Genericamente, a qualidade/consistência dos temas está muito aquém do esperado
( recomendado ).
“Skysail” é lamentavelmente um equívoco, difícil de
compreender tendo em conta o que nos aportaram os dois discos anteriores.
“Time has a way of losing you, The Tim Hollier Anthology”
inclui ainda dez versões oriundas de sessões na BBC e os dois temas do single “The
Circle Is Small”, nenhum deles
verdadeiramente inesquecível.
16/07/24
10/07/24
Hungrytown "Circus For Sale"
“Circus For Sale” configura o quarto álbum dos Hungrytown, um
projecto dinamizado pela dupla Rebecca Hall / Ken Anderson.
Residentes no Vermont, Rebecca ( voz e guitarra ) e Ken ( voz,
acordeão, banjo, baixo, bateria, piano, órgão, dulcimer, mandolim, vibrafone,
guitarra e harmónica ) ensaiam em “Circus For Sale” uma tentativa de coabitação
entre o “americana” e o folk barroco.
A ideia não é nova. Já outros o haviam tentado, com
resultados diversos.
No caso em apreço, “Circus For Sale” acaba por não ser um mau
disco, mas está longe de ser um muito bom exemplo do género.
Rebecca Hall é detentora de uma magnífica voz e Ken Anderson é
um multi instrumentista competente. Tais atributos não serão todavia
suficientes para, por si só, produzirem os
resultados almejados.
Em “Circus For Sale”, os originais ( da autoria exclusiva de
Rebecca ou, noutros casos, da própria dupla ) surgem pouco diferenciados, carecendo de homogeneidade.
Por seu turno, de tão ambiciosos, os arranjos e orquestrações
aparentam ter pouco a ver com as matrizes do folk barroco e porventura do “americana”.
Ao invés, os temas objecto de versão são uma outra história.
“Man Of Poor Fortune”, uma “murder ballad” escrita por
Rebecca e originariamente incluída no álbum a solo “Rebecca Hall Sings” ( 2000 ) bem como “Morning Brings Peace Of
Mind” cortesia de Bert Jansch ( “When The Circus Comes To Town”, 1995 ),
constituem-se como pedras angulares neste disco, provando, certamente de forma
involuntária e não planeada, que “Circus For Sale” poderia ser muito melhor se
os seus autores tivessem optado por observar a regra do menos é mais.
Ainda assim, um projecto a seguir.
03/07/24
Neil Young & Crazy Horse "Early Daze"
Neil Young é um arquivista compulsivo. Dessa característica
resultam factos positivos e menos
positivos, dependendo ambos naturalmente da abordagem e ponto de vista de cada um.
No que estritamente respeita à divulgação do vastíssimo catálogo,
umas vezes serão menos positivos pois ficamos dependentes dos humores, decisões
e timings do canadiano, os quais nem sempre, para não dizer quase sempre, coincidem
com os nossos desejos. Positivos nas restantes situações porque, quando os astros
surgem alinhados, somos presenteados com pérolas que o dito arquivista
compulsivo decide finalmente libertar.
Dito isto, olhemos para o recente “Early Daze”, um conjunto
de gravações datadas de 1968 e 1969.
Como é suposto inferir a partir das datas, acompanham Young
os Crazy Horse originais ( Danny Whitten, Billy Talbot, Ralph Molina e Jack
Nitzsche ), a melhor formação da banda de apoio de que o canadiano dispôs ao
longo da sua longa carreira ( se se derem ao trabalho de escutar ou reescutar o
primeiro álbum dos Crazy Horse perceberão o que se pretende salientar ).
Nove temas, ou melhor nove versões, uma vez que não está
presente nenhum inédito. Exceptuando “Dance Dance Dance” e “Everybody’a alone”
( ambas já publicadas no Volume I dos “Archives” ), as restantes sete são
versões alternativas Mono ou Stereo, mas até à data inéditas.
Escute-se por exemplo “Look at all the things” para se conferir
o que atrás se disse sobre a primeira formação dos Crazy Horse e sobre a perda
gigantesca que foi o desaparecimento precoce de Danny Whitten, neste particular
enquanto compositor.
No que diz respeito ao Whitten instrumentista bastará atentar
aqui nas versões “imperfeitas” de “Cinnamon Girl” ou “Down by the river” para
se aquilatar da dimensão da perda.
Quanto ao mais “Early Daze” é momento de puro gozo, sabemos
que não iremos encontrar ali um novo mapa da mina. Porém a atmosfera “work in progress”,
descontraída e despretensiosa que emerge das sessões será porventura o ambiente
onde o talento dos protagonistas melhor flui.
Estas gravações são contemporâneas do período em que a Band
gravou “Music from Big Pink” e “The Band”.
Pode até parecer uma comparação abusiva, mas não me recordo de nenhuma versão
de “Helpless” em que Ralph Molina tenha feito tão bem de Levon Helm como aqui.
Se puderem não percam!
02/07/24
Heroes are hard to find ( 99 )
31/05/24
Jardins do Paraíso ( 84 )
“He subsequently carved out a succeful career in the ELT
(English Language Teaching) field, but as a student at the University of East
Anglia in the late Sixties, the young Jeremy Harmer was a Bert Jansch-influenced
guitarist and singer/songwriter.
Accompanied by fellow student David Costa, he played at folk
clubs and events in the Norwich area before staging a student union concert
that led to him recording the album ‘Idiosyncratics And Swallows Wings’ in
single-take sessions at a local BBC studio.
Restricted to 99 copies, the album – akin to a homemade
version of Nick Drake’s ‘Five Leaves Left’ – featured some beguiling chamber
pop arrangements and self-consciously poetic, exquisitely gloomy songs like
‘People Smile With Ghosts In The Land Of Make-believe’, featuring David Costa
on second guitar and Sue Humphris on backing vocals.
Costa was significantly affected by the experience (“I knew
from that very moment on that was what I wanted to do … I just wanted to play
guitar in a band”), dropping out of university and putting together Trees. He
attempted to recruit Sue Humphris as lead singer, but she declined, suggesting
instead that they audition her sister Celia.”
“We recorded de LP late at night at the big studio on
Anglia TV. It was not really satisfactory. The equipment was not great and the
engineer – who did it for free i seem to remember – was not especially
experienced as a sound engineer, but rather a TV programme engineer. I can’t remember
any mixing conversations etc. But I guess there must have been. I remember being
rather worried about the sibilance in the vocal tracks but there was never a
chance to do anything about that. And on top of that i wasn’t really very
experienced about that kind of thing.”
Entre a melancolia endémica de Nick Drake, a tristeza de
Robert Wyatt e o folk barroco de Duncan Browne, “Pastiche”, o belíssimo “Sad
Song”, “Home of Years”, o tocante “Melanie” ou o “pesadelo utópico” ( palavras
do autor ) que é “People Smiling With Ghosts In The Land Of Make-believe”, “Idiosyncratics
and Swallows Wings” é um disco que não sendo perfeito no que concerne à forma,
é absolutamente essencial do ponto de vista criativo e histórico.
Uma última nota, eventualmente do interesse dos audiófilos:
“Due to the lack of master tapes, this reissue has been sourced from original
vinyl.” ( do folheto que acompanha a reedição )
29/05/24
Artefactos ( 134 )
22/05/24
Northwind "Peaceful"
Responsável pelo elegante e melódico “Sister, Brother, Lover”,
ao colectivo escocês Northwind não eram conhecidas outras gravações para além
das que integravam aquele excelente álbum. Até agora.
A partir de dois acetatos datados de 1970 e 73, recentemente localizados
- o primeiro anterior às sessões que dariam
origem a “Sister, Brother, Lover”, o segundo posterior e já próximo da
dissolução da banda - foi possível
resgatar oito temas, seis inéditos e duas versões : “Peaceful” e “Quill”.
Títulos nucleares da banda ambos, conhecem aqui versões
precedentes que comparam bem com o tratamento final que o álbum atrás referido lhes
conferiu.
Naturalmente é de época o tratamento sonoro; psicadelismo de matriz progressiva, escorado em
paisagens que bordejam ora o barroco, ora o pastoral. Caravan e Camel assomam à
memória; acessoriamente também Grateful
Dead, por via da fluidez da guitarra de Garcia e da vocalização padrão de Bob
Weir.
“Sinking”, gravado nos Thor Studios de Glasgow em 1973, não
desilude. A secção rítmica e as teclas mudaram de protagonistas, porém as
guitarras permanecem entregues a Brian Young e a Hugh Barr o que, por outras
palavras, significa que se mantêm a inspiração e a elegância.
A edição de “Peaceful”, refere a contracapa do vinil, é
limitada a 227 cópias. Just saying …
18/05/24
14/05/24
Lost Nuggets ( 186 )