Por vezes lá vai sucedendo. Descobre-se numa estante um disco
que não se pensava ter ou, pior, não ter sido escutado. É a linha do tempo a
funcionar…
No caso em apreço, os Indian Puddin’s & Pipe, banda
nascida em Seattle em meados de 1965 e na altura baptizada de West Coast
Natural Gas. Foi de resto com esse nome que, dois anos volvidos, já em São
Francisco e pela mão do polémico produtor Matthew Katz (são lendárias as suas
litigâncias com os Jefferson Airplane e Moby Grape, com primeiros duraram 20
anos, 39 com os segundos) gravam um primeiro single para a San Francisco
Records. Logo após vêm quatro dos seus melhores temas incluídos em “Fifth Pipe
Dream – Volume I”, uma compilação produzida por Katz e que integrava também temas
dos It’s A Beautiful Day, Tripsichord Music Box e Black Swan.
À época o psicadelismo na Bay Area / São Francisco albergava
bandas para dar e vender. Algumas vingaram outras, talvez a maioria, não. Os
clássicos são tão sobejamente conhecidos que dispensam referência, Mad River,
Sons of Champlin ou Zephyr obtiveram razoável sucesso em círculos restritos,
mas Ace of Cups, All Men Joy, Birth, Mystery Trend ou os West Coast Natural Gas
passaram ao lado dos radares.
O epicentro do psicadelismo californiano já se havia deslocado para outras
paragens e do ponto de vista musical, dois anos fizeram uma diferença
gigantesca. Saxes, trompetes e trombones como que antecipam os Chicagos ou
Blood Sweat & Tears, mas quando a nova formação dos Indian Puddin’s &
Pipe inventa uma canção como “Planetary Road” adornada pela magnifica voz de
Lydia Moreno ou recria velhos temas como “Two’s a pair”, “Hashish” ou “Water or
Wine”, a banda soa tão boa quanto a maioria dos projectos quintessenciais na
Bay Area dos 60s.
A rever, com a necessária moderação e espírito crítico.