É comum entre aqueles que se interessam pela música popular,
existir um ano / período preferido. Por
mais que se recorra à dialéctica, trata-se no fundo e apenas de uma questão de
âmbito geracional, onde a identificação
cultural e social se sobrepõe a uma eventual atitude nostálgica, prateleira
onde de uma forma simplista muitos tendem a arrumar a matéria.
Aqui pelo quartel general do Atalho o ano de eleição é 1971.
Podia ser 1967, 68, 70 ou 80. Mas não, 1971 é o ano.
Desde logo porque os Beatles já não existiam enquanto grupo.
Depois porque foi o ano de “Sticky Fingers” ( Stones ), “Meddle”
(Floyd ), “Blue” ( Mitchell), “Pawn Hearts” ( Van der Graaf
Generator ), “No Roses” ( Shirley Collins ) ou “Help Yourself” entre
muitos outros como adiante se verá.
Quando em meados de Fevereiro de 1972 dei de caras com a publicação
bimensal “A Memória do Elefante”, na qual se fazia o
balanço do ano anterior, a identificação foi quase total. À data, com o que se
sabia e o que se podia escutar, fazia sentido. Hoje é evidente que aquele balanço está longe de ser
perfeito. Tanto no que respeita a algumas das entradas como nas muitas
omissões.
Ainda assim a lista de álbuns inclui cerca de uma dezena dos
meus discos para a ilha deserta, com “If I Could Only Remember My Name” à
cabeça. A esses juntaria os acima mencionados e uns quantos mais que hoje
reputo de fundamentais para perceber o fenómeno da música de então.
Procurem os discos publicados em 71 por Paul Jones, Tom Rapp, Andy
Roberts, Sly Stone, Steeleye Span, David Blue, Caravan, John Cale, Sandy Denny,
Fairport Convention, Flamin’ Groovies, Anne Briggs, Mighty Baby, Genesis, Bill
Fay, Peter Hammill, Gene Clark, Tripsichord, ou Flower Travellin’ Band e estão quase lá.