Prolífero, Steve Gunn
parece melhorar a cada registo.
Depois de “Way
out weather”, da colaboração com Mike
Cooper em “Cantos de Lisboa”
e do fabuloso “Seasonal Hire” com os Black
Twig Pickers, Gunn regressa ao lado de Nathan Bowles para um inspirado “Eyes
on the lines”.
A cada novo disco, o guitarrista de Brooklyn, já não soma
apenas competência e virtuosismo. Acrescenta algo que está apenas ao alcance de
uns quantos criadores e que faz toda a diferença: a sofisticação.
Existe algo diferente, cosmopolita se quiserem, no discurso
instrumental deste músico que faz dele não apenas um herdeiro e seguidor da
escola da “american primitive guitar” como alguém que partindo das raízes,
soube adaptar-se a uma sonoridade que não sendo ainda hegemónica, possui todos
os ingredientes para ser falada e consultada
no futuro.
Escute-se por exemplo “Conditions Wild” ou “Heavy sails”; as
melodias encantam, mas são as guitarras (eléctricas e acústicas) mais do que
qualquer outro elemento que cativam e nos agarram aos temas. Para além destes,
“Eyes of the lines” acolhe ainda a road song panorâmica que é “Ancient Jules”, um sincopado “Park Bench Smile”, assim como o
hipnótico “Ark” que nasce nas seis cordas da uma guitarra acústica, prossegue
numa espiral de wah wah, e lentamente desvanece até regressar à sonoridade
acústica.
Orgânico e ao mesmo tempo refinado, está encontrado um dos
discos do ano.