Por cada disco que trepa os tops, existem algures três ou
quatro pérolas que passam ao lado da história. A história da música popular está
repleta de casos destes.
Um exemplo: “Parable”
dos White Light.
Publicado em 1974 através de uma edição privada, o álbum é
uma preciosidade e um dos grandes discos saídos da Escócia na primeira metade
dos 70s. Catalogada de ‘christian rock’, a música deste quarteto de Glasgow,
ainda que faça amplo uso do órgão ( tal como os contemporâneos e compatriotas Beggar’s Opera ) tinha mais pontos de
contacto com o universo de Pete
Townshend ou Ray Davies.
Transversal a todo o álbum, a vertente espiritual é caldeada
pelas guitarras em fuzz, pela sonoridade blues garage e por um psicadelismo que
à época, no auge do progressivo, terá sido sinónimo de anacronismo.
Por essa razão ou não, “Parable” não descolou. Injustamente,
pois é um tremendo disco. O longo épico “Prodigal” terá encontrado inspiração
em “Tommy”,
“Where did I belong” tem tudo o que John
Mayall costumava aportar ao blues e a versão de “Awaiting on you all”
remete para esse monumento que é “All things must pass” de George Harrison.
No final, estamos aqui a falar de uma urgência com mais de
quatro décadas.