Clive Murrell é um cidadão britânico cuja
actividade principal consiste num emprego das 9 às 5. Porém, nos tempos livres Murrell veste-se de multi-instrumentista, ruma
ao mundo idiossincrático do “countryside” inglês e sob o “nom de plume” Wyrdstone, revisita mitos e lendas do seu Sussex natal.
Foi assim em 2009 com “Cuffern”, um belíssimo espaço
habitado por uma guitarra psicadélica e é também assim com “Potemkin
Village Fayre”.
A estrutura é simples, a música etérea, os esboços instrumentais
sublimes. Tanto se pode escutar o canto matinal dos pássaros, o marulhar das
águas de um ribeiro, ou a voz de um ancião contando uma história. Lá atrás, a
ligar tudo isto estará sempre uma guitarra, acústica, definitivamente
psicadélica.
Os mistérios e as tonalidades do mundo rural permanecem o
leitmotiv de Wyrdstone, mas quando
comparado com “Cuffern”, “Potemkin Village Fayre” surge mais
ambicioso. “The horsemen” mescla a guitarra acústica com a eléctrica, após uma
inusitada gaita de foles ter feito a abertura. Em “The Ferring Rife” e
“Thelema”, em modo drone, as cordas da guitarra deambulam pelos sons e tons do
“countryside”. Quanto a “Meditation on lost gardens”, “The ambient sounds of
Seaford” ou “Becket window, Canterbury Cathedral” por exemplo, pouco haverá a
acrescentar, pois está quase tudo no título da canção.
Um disco tão sereno quanto inspirador.