Não são comuns versões de canções de Peter Hammill, com ou
sem Van der Graaf Generator. Hammill é um criador único e, excluindo os fãs,
poucos se atrevem a recriar os seus temas profundamente idiossincráticos. Markku Helin e os Permanent Clear Light
integram o campo dos fãs “permanentes” donde que a recuperação de “Afterwards”
( retirado do seminal “The aerosol grey machine” de 1969 )
não espante minimamente. A versão é cerimoniosa e competente, ainda que nos
pareça estranho escutar esta melodia sem que o eco da fabulosa voz do autor
esteja presente. No lado A deste novo single da Fruits de Mer, um original do
grupo finlandês – “Higher than the sun” –, uma belíssima melodia a meio caminho
entre os Floyd de “Meddle” e, pasme-se, os Stranglers de “Golden Brown”. Resulta
muito bem e a espiral sonora que provoca fica a pairar, elegante, muito depois de
se esgotarem os 3m e 30s que a canção dura.
Num registo mais comprometido com o pop ( “power pop”, se
quiserem ) o EP do norte-americano Anton
Barbeau avança com um original do próprio , “Psychedelic Mynde of Moses” e
duas covers: “Sometimes I wish I was a pretty girl” ( Robyn Hitchcock ) e “Out
of my mind on dope and speed” ( Julian Cope ). E é como se o tempo recuasse até
1967 e estas canções pelejassem por um lugar cimeiro nas charts britânicas…, ante
uma avalanche de singles dos Beatles,
Kinks ou Small Faces. Interessante ainda que não totalmente convincente.
A terminar este novo conjunto de publicações da Fruits de Mer,
uma das bandas culto do Atalho: The
Chemistry Set. Integrando há anos ( com algumas intermitências pelo meio )
o movimento neo-psicadélico, o colectivo britânico tem publicado verdadeiras
pérolas a que poucos têm prestado atenção. Muito provavelmente, não será este
EP que irá alterar tal estado de coisas, não obstante os dois originais - “Come kiss me vibrate and smile” e “Time to
breathe” – são do melhor que o duo tem produzido recentemente. Combinam o novo
e o antigo ( acústico, eléctrico e electrónico ), os Mellotrons e os Farfisas piscam
o olho às novas tecnologias de som e um “song writing” acima da média não pode
ser negligenciado. Por seu turno, “Hallucinations”, a versão de um original dos
Tomorrow, é uma absoluto “killer track”.
Como é habito, os singles serão publicados em vinilo
colorido, numa edição limitada de 800 exemplares. Aqui: http://www.fruitsdemerrecords.com/index.html.