“It’s brilliant!”
Foi assim que Julian Cope se referiu a “Lupus” o primeiro CD dos Dead Sea Apes , após um magnífico
conjunto de EPs ( a que o Atalho se referiu na altura própria ) e várias colaborações
dispersas por compilações que o tempo se encarregará de tornar seminais.
Nem sempre estou em completa sintonia com Julian Cope; na
verdade serão mais as vezes em que estou em desacordo. Desta vez porém não me
desvio um milímetro da sua apreciação. “Lupus” é algo de verdadeiramente especial.
Estrategicamente colocado naquela “no man’s land” onde se cruzam o drone, o kraut, o pós-rock, o experimental e o psicadélico,
este CD do trio de Manchester conduz-nos a caminhos arrojados onde a tradição
compagina com o experimental e, quase sem se dar por isso, encontramo-nos no
centro de uma galáxia habitada por estrelas ( Harmonia, Cluster, Pink Floyd,
Emeralds, King Crimson, Spirit ... ) que a memória tratou se fazer perdurar e que “Lupus”
revisita com mestria.
Dos sete temas, três são pequenos interlúdios. Os restantes,
oscilando entre os 7 e os 16 minutos, constituem detalhadas peças de artesanato,
esculpidas no presente com ferramentas do passado, mas sempre com um olho
no futuro.
Um registo desafiante, tão brilhante quanto exigente.