
Por ter passado ao lado de uma grande carreira, ainda que o seu talento amplamente justificasse outro fado, este nativo da Califórnia transformou-se numa figura de culto junto do underground e dos apreciadores de um psicadelismo matizado de power-pop.

Ao fiel escudeiro Anthony Clark juntam-se agora Roy Loney, George Alexander, Mike Wilhelm, James Farrel ( todos antigos Flamin Groovies ), Robin Wills ( Barracudas ) e Matthew Fisher ( Procol Harum ). Se a grandeza dos nomes fosse directamente proporcional à qualidade da composição, “Love over Money” seria um trabalho do outro mundo. Como tal raramente se verifica, trata-se apenas de um bom disco de Chris Wilson.
Um trabalho onde as enciclopédicas guitarras do autor desenham insidiosas melodias pop (“Way too fast”, “Can’t let go”, “Fading away” ), recuperam antigas matrizes californianas (“Cold dark night”, “Bad dreams”) e, como seria expectável em Wilson detém-se demoradamente em Dylan; na circunstância o Dylan de “Blood on the tracks” (“Set free” , “Semaphore signals”).
“Love over Money” não é definitivamente um disco deste tempo. Encontra-se “enfermo” de sonhos maiores que a vida, ingenuidades várias e muita nostalgia. Características, sabemos todos, difíceis de compaginar com a selvajaria, canalhice despudorada e completa ausência de valores com que todos os dias nos agridem. Apesar disso, embora não sendo brilhante, o seu encanto particular mais do que justifica a respectiva audição.