24/03/25

Weird Herald "Just Yesterday"

Quando Jorma Kaukonen escreveu o intenso blues-rock “Ode for Billy Dean” e o publicou em “Burgers”, o álbum dos Hot Tuna de 1972, teve em mente Billy Dean Andrus (“Billy Dean is another one of those tragic stories. He was the first person that I knew who had died of a drug overdose. He was another huge talent, a great guitar player, a great songwriter, and a great showman. The fact that he never made it out of his twenties is absurd in retrospect“).

Os Weird Herald formaram-se em Saratoga condado de Santa Clara, California, por altura do chamado Summer of Love. Tinham em Bill Andrus o principal mentor. Colega de liceu e amigo de Skip Spence ( com quem chegou a actuar enquanto duo ), Billy Dean presenciou a formação dos Jefferson Airplane e, mais tarde, depois destes terem prescindido de Spence, o nascer dos Moby Grape

No seguimento de algumas actuações em clubes em Los Gatos, Sunnyvale, Santa Clara e San Jose, a banda é convidada a gravar um single para a Onyx Records então ligada à Fantasy. “Saratoga James”, um belíssimo folk acústico escrito por Andrus no lado A e “Just Yesterday” assinado pelo segundo guitarrista Paul Ziegler no flipside. O 45 rotações foi publicado em 1968 apenas como promo. Nunca foi objecto de uma edição alargada para o mercado. 

Ainda que o single não tenha saído dos blocos de partida, foi o necessário para que os Weird Herald frequentassem o Max Weiss Studio de São Francisco, aí gravando um conjunto de temas para “testar as águas”. 


No dealbar de 1969 a banda de Billy Dean e Paul Ziegler actuou nas primeiras partes de Sons of Champlin, Steppenwolf, Ace of Cups, Cherry People e Hot Tuna entre outros. Apesar disso e por razões diversas ( entre elas seguramente a morte de Billy Dean em Novembro de 1970 ), o resultado das sessões de gravação permaneceu inédito durante mais de cinco décadas. Até agora. 

Just Yesterday”, permite-nos finalmente apreciar o legado dos Weird Herald. Porque a fonte são fitas gravadas de outras fitas ( as originais perderam-se no tempo ) a qualidade das mesmas não é a que mais se desejaria. Um “detalhe” que facilmente passa a segundo plano face à qualidade da música delas transcrita. 

“Where I’m Bound” um intro psicadélico que não destoaria em “Aoxomoxoa”; os já referidos “Saratoga James” e “Just Yesterday” ( este da autoria de Paul Ziegler ) lembram a inicial fase acústica dos Hot Tuna; “Canyon Women” e “Help Me Find My Way” encontram-se a meio da ponte que liga Grateful Dead a Moby Grape; “Reapin’ Seasons” sugere aquela linguagem “country rock” que preencheu “American Beauty” e “Workingman’s Dead”; “Burgundy and Yellow” o grande tema, peça de filigrana psicadélica que define o talento do seu criador; “Untitled, peça sem título que cresce a partir de uma guitarra acústica em cascata em direcção a um planalto melódico, numa espécie de jogo de espelhos cujos protagonistas são o baixo de Cecil Bollinger e a acústica de Billy Dean. 

Tudo somado, uma das recuperações do ano. Tão ou mais estimulante que os estimulantes resgates de Crystal Syphon ou Turquoise

Ps: a versão CD acrescenta sete temas à versão em vinil.

22/03/25

Lost Nuggets ( 198 )


Rosemary Hardman "Firebird" ( Trailer LER 2075 ), UK, 1972

- "Firebird"
- "I Can Find You Anywhere (Clive's Song)"
- "The Way It Is"
- "Mistress Of My Time"
- "Who Shall Count For Thee?"
- "Song To The Evening Sky"
- "Horses Of The Sea"
- "King Willima's Bequests"
- "The Fiddler Man"
- "Rondeau" ( Hardman / Axford )

Rosemary Hardman: Canções, voz e guitarra; com: Bob Axford ( voz e guitarra ), Chris Thompson ( voz e guitarra ), Roger Trevitt ( baixo ), Clive Woolf ( voz e guitarra ), June Tabor ( voz ), Alan Eden ( bateria ), Sue Draheim ( violino ), Barry Dransfield ( voz e violino eléctrico ) , Martin Winsor, Carole Pegg, Linda Peters, Howard Bond, Terry Hiscock e Chris George ( vozes ).

Produção de Bill Leader

Capa: Rosemary Hardman e Janet Kerr.

18/03/25

Artefactos ( 138 )


It was Trevor’s ( Lucas ) idea to do a rock and roll record featuring the folk rock community. This seemed a redundant exercise from the outset and I voiced concerns, but there was no enthusiasm – everyone else was on board, and I didn’t want to be left out. The results of our labours became the album “Rock On”. There was nothing new to be found in the material or the interpretations, for the most part. Sandy ( Denny ) sang beautifully, as did Linda ( Thompson ), and their performances were the highlights for me. Their duet on “When Will I Be Loved” was the outstanding  track.” 

( Richard Thompson )


( Flexidisc )




16/03/25

Jardins do Paraíso ( 87 )

 


Antes de integrarem o catálogo da Warner Brothers, nele publicando “Hard Meat” e “Through a Window” ( ambos em 1970 ), os Hard Meat dos irmãos Mick e Steve Dolan mantiveram fugaz ligação à Island Records de Chris Blackwell, selo onde a 9 de Agosto de 1969 lançaram o single “Rain”, uma interessante  versão do título dos Beatles.

O 45 rotações, em cujo lado B constava “Burning up years”, antecipava o lançamento de um álbum entretanto gravado nos estúdios Tridend no Soho. Não é clara a razão pela qual o disco não foi publicado à época. O produtor ( Sandy Roberton ) era um dos mais conceituados do seu tempo, Blackwell, consta, estava entusiasmado, um sentimento que se supõe não ser partilhado pelo A&R Guy Stevens.

Ao escutar “Rain”, a primeira edição em vinil daquele conjunto de gravações, é hoje evidente  o erro colossal que foi o veto à respectiva publicação. 


A abrir, a versão do tema de Lennon e McCartney diz-nos ao que vêm os Hard Meat. Inventivo, magnificamente suportado na doze cordas  de Mick Dolan, “Rain” conduz-nos até “Most Likely You’ll Go Your Way, I’ll Go Mine”; isso, Dylan, o qual por seu turno nos leva até ao acústico “Strange Fruit” ( mais tarde publicado na compilação “49 Greek Street” sob o pseudónimo Tin Angel ) e a “Liquid Boats”, um tema que numa escuta cega poderia sugestionar uma demo de Pete Townshend, período “Tommy / Who’s next”.

“Walking Down Up Street” é um rock hipnotizante que torna legítimo  especular se Randy California e os Spirit não fariam parte da dieta musical dos Hard Meat. Idem para “Burning Up Years”. Por fim “Run Shaker Life”, uma fantástica recriação rítmica do título que Richie Havens incluiu no duplo álbum “Richard P. Havens, 1983” de 1969.

Duas destas canções ( “Run Shaker Life” e “Most Likely You’ll Go Your Way, I’ll Go Mine” ) viriam a fazer parte do alinhamento do primeiro álbum do grupo para a Warner Brothers. As restantes, com excepção das publicadas no single, manter-se-iam inéditas cerca de cinco décadas.

Após o fim dos Hard Meat, os irmãos Dolan alavancaram os Big Front Yard, uma banda de inspiração West Coast a que o Atalho já aqui dedicou a sua atenção.

14/03/25

Lost Nuggets ( 197 )


Michale Hanly, Micheal O'Donnell "Celtic Folkweave" ( Polydor 2908 013 ) Irlanda, 1974

- "Biodh Orm Anocht"
- "The Bold Princess Royal"
- "The Banks of Claudy"
- "Eirigh's Cuir Ort Do Chuid Eadaigh"
- "An Bothán A Bha'ig Fionnghula"
- "The Heathery Hills of Yarrow"
- "Breton Dances"
- "The Hiring Fair at Hamiltonsbawn"
- "Brid Óg Ni Mháille"
- "The Glasgow Barber"
- "(No Love is Sorrow) Songbird" ( Pentangle )

Canções tradicionais excepto a indicada

Michael Hanly ( voz, guitarra e dulcimer ), Micheál O'Donnell ( voz e guitarra ) com:  Liam Óg O Floim ( gaita de foles ), Donal Lunney ( pandeireta irlandesa ), Matt Malloy ( flauta ), Tommy Peoples ( violino ), Declan McNeils ( baixo ) e Triona Ni Dhomhmail ( cravo )

Produção: Donal Lunney

Capa: design de Des O'Meara & Partners Ltd; Notas da contracapa de Marcus Connaughton.

07/03/25

Turquoise "The return of Captain Speed"

 


Resultado da junção e reciclagem dos estilhaços de um conjunto de bandas ( The Corvairs, Jer and The Renegades, Chessmen, English Sound Project, Captain Speed ), os Turquoise eram originários do sul da California, designadamente de Santa Barbara e San Luis Obispo.

Contemporêneos dos Strawberry Alarm Clock e dos menos mediáticos Giant Crab, os Turquoise gravaram dois singles no decorrer de 1967: “Hello Bill / Steel Glass” e “Sunflower Mama / Beautiful Death Dealer”, ambos objecto de produção do “maverick” Kim Fowley.

Qualquer dos quatro temas, com particular destaque para “Hello Bill” e “Beautiful Death Dealer” alinham pelos padrões do psicadelismo californiano da época. Intencionalmente ou não optam por incluir um órgão “à la” Ray Manzarek, facto que lhes permite desenvolver uma vertente “Doorsy sound” que, não sendo propriamente inovadora, demonstra a intenção de manter a sintonia com o paradigma de sucesso que a banda de Jim Morrison perseguia. O mesmo raciocínio poderá ser aplicado às vocalizações de Tim Pearson, sendo que os textos deste não logram atingir o mesmo desiderato.


Ainda assim “The return of Captain Speed” é um artefacto genuíno que, além de recuperar os títulos acima referidos, lhes soma oito interessantes temas gravados em 1968, desta vez sob a batuta do produtor Jim Salzer.

Equívocos vários, incorporações de membros do grupo no exército com destino ao Vietnam, o falecimento de Tim Pearson ao que que se conhece, fruto de comportamentos erráticos e aditivos, conduziram ao fim de uma banda que entre outros integrou o futuro Little Feat Bill Payne.

Para memória futura ficaram as músicas disponíveis em “The return of Captain Speed” que a chancela de qualidade do historiador e arquivista Alec Palao permite a eventuais curiosos agora avaliar.

03/03/25

Lost Nuggets ( 196 )


Mike Cooper ( with The Machine Gun Co. and Michael Gibbs ) "Places I know" ( Dawn DNLS 3026 ),   Lyric Insert, UK, 1971

- "Country Water"
- "Three-Forty Eight"
- "Night Journey"
- "Time to Time"
- "Paper and Smoke"
- "Broken Bridges"
- "Now I Know"
- "Goodbye Blues, Goodbye"
- "Places I Know"

Mike Cooper: canções, voz, guitarras e piano; com: Alan Cook ( piano ), J. Van Derrick ( violino ), Jeff Clyne e Les Calvert ( baixo ), Laurie Allen e Tim Richardson ( bateria ), Geoff Hawkins, Tony Coe, Stan Sulzman e Bob Burns  ( saxofones), Bill Boazman ( guitarra ), Martin Nicholls ( trombone ), Martin Fry ( tuba ), Peter Civil ( french horn ), Norma Winstone, Jean Oddie e Gerald T. Moore ( vozes ).

Arranjos de Michale Gibbs

Produção de Peter Eden

Fotos de Ron Pilcher


"Country Water / Night Journey"

Dawn DNS 1014, Single, 1971

UK / Portugal

27/02/25

Chris Brain "Bound to rise"

Com dois álbuns publicados (“Bound to rise” e “Steady Away”) e um terceiro ( “New Light”) a caminho, Chris Brain, um nativo do Yorkshire, tem vindo a perfilar-se como um dos herdeiros da tradição folk britânica, particularmente no que concerne ao especialíssimo legado de Bert Jansch e Nick Drake

Ao escutar “Bound to rise” ( 2022 ), os puristas serão tentados a afirmar que Chris Brain, apesar de um talento evidente, mimetiza abundantemente o padrão e a partes significativas da obra de Nick Drake. Será porventura um exagero, mas em “Bound to rise” a maioria das pistas é para ali que apontam, muito mais do que para Jansch. 

Devidamente colocados os pontos nos is, o primeiro álbum de Chris Brain revela-se um delicioso exercício de “folk pastoral” que ora nos convoca para as paisagens rurais que o autor privilegia, ora nos remete para as nossas memórias mais preciosas, sejam elas Drake ( mais ), Jansch ( menos ) ou Saint Joan ( sim procurem o fenomenal “The Wrecker’s Lantern” ). 

Lavrada a acta, ficamos a aguardar os novos atalhos a que o prometido “New Light” nos conduzirá.

 

23/02/25

Heroes are hard to find ( 102 )


Bill Fay

( 9 Setembro 1943 - 21 Fevereiro 2025 )

21/02/25

Lost Nuggets ( 195 )


 Alasdair Clayre "S/t" ( Elektra EUK 255 9, Mono, UK, 1967


- “The Invisible Backwards-Facing Grocer Who Rose to Fame”

- “Snow” ( Michael Jessett )

-“Adam & The Beasts”

- “Lighterman”

- “Night Song” ( Michael Jessett )

- “Tied to the Line”

- “The Professor & The Girl”

- “A Gentle Easy-Flowing River”

- “The Gormeless” ( Michael Jessett )

- “The Wayward Way”

- “Irish Girl” ( Michael Jessett )

- “Lament for a Writer” ( George Adie )

- “Old Couple Walking”

- “Lullaby and Come Aflot”

 

Alasdair Clayre ( voz e canções ), com: Leon Rosselson ( guitarra acústica e banjo ), Michael Jessett ( guitarra acústica ), Brian Daley ( guitarras ), George Adie ( guitarra acústica ), Peggy Seeger ( banjo e dulcimer ), Bobby Campbell ( bandolim e violino ), Duncan Lamont ( flauta ) e Gordon McCullogh ( guitarra acústica e harmónica ).

Produção: Joe Boyd e Alasdair Clayre

Capa: design de D. Halperin, foto de John Brooks

Notas na contracapa: Iris Murdoch



"Record Collector" nº 330, Dezembro 2006

17/02/25

"American Baroque Chamber Pop and Beyond 1967 - 1971"

The heyday of baroque pop – or chamber pop, or orchestral pop – ran from 1966 to the turn of the 70s. It used string quartets, harpsichords and woodwinds to create a summer-into-autumn melancholy that was quite new, and quite far removed from rock’n’roll as Eddie Cochran would have know it.” ( Steve Stanley, in booklet ) 

No seguimento do muito recomendável “Tea & Symphony – The English Baroque Sound 1968 – 1974”, Steve Stanley debruçou-se sobre as correntes norte americana e canadiana do género. 

O “pop barroco” ou “pop de câmara” ou “pop orquestral”, tende frequentemente a ser colado ao “soft” ou “sunshine pop”, com o(s) qual(ais) se gemina amiúde, donde a frequente hesitação. Aqui o curador procurou, registe-se, evitar a sobreposição, tarefa nada fácil dada a já referida interpenetração entre os conceitos. 

Dito isto, a compilação “American Baroque Chamber pop and beyond 1967-1971” faz por merecer a larga maioria das duas dúzias de títulos que a integram. 

Permite-nos aceder ao óbvio: The Merry-Go-Round ( com Emitt Rhodes ), Association, The Monkees, Nico, The Common People, Eternity’s Children, H. P. Lovecraft, até mesmo Nora Guthrie ou The Stone Poneys ( com Linda Ronstadt ). 

Porém a “novidade”, ou desafio se preferirem, consubstancia-se na inclusão de temas dos Appaloosa de John Compton, The Pleasure Fair ( produzidos pelo pré-Bread David Gates ), John Randolph Marr ( com produção de Nilsson ), do canadiano Tom Northcoot ( o single “Other times” é uma revelação ) ou dos Montage, refractários dos Left Banke e cujo álbum homónimo é ainda um segredo muito bem guardado. 

Para o Atalho, além do atrás destacado, revelaram-se particularmente impressivos: “Time”, um título de Hal Shaper e Jean Pierre Bourtayre para a voz da canadiana Bonnie Dobson, “Two by two” interpretado pelo ex-Left Banque Steve Martin Caro e “My Plan”, um monumental épico procol harumiano que o ex-Association Russ Giguere incluiu no álbum “Hexagram 16” de 1971. 

American Baroque 1967-1971” aponta um desafio inesgotável. Nele, uma descoberta conduz naturalmente a muitas outras. No final, aos temas observados, adicionam-se um sem número de outros que o gosto e a curiosidade do ouvinte no entretanto determinou.

12/02/25

Jeannie Piersol "The Nest"

 


Genuíno produto de época, “The Nest”, o single, poderia ter constituído a porta de acesso para uma carreira de sucesso. Resultado das idiossincrasias da sua interprete acabou como uma curiosa, embora muito interessante, nota de rodapé na história do psicadelismo de São Francisco.

Contemporânea e amiga do clã Slick ( Grace, Darby e Jerry ) Jeannie Piersol chegou a integrar a formação inicial dos The Great Society -  Darby equacionava explorar a complementaridade das vozes de Grace e Jeannie. Esta última porém, abandonaria o projecto de forma precoce, manifestando incómodo face às “substâncias ilícitas” presentes nos ensaios do grupo.

Continuou no entanto a frequentar a cena psicadélica emergente na Bay Area, tendo integrado os The Yellow Brick Road com os quais actuou no Matrix em Março de 1967. No entretanto, o então cunhado Darby Slick, recém regressado da India, lança uma Opa musical sobre o colectivo que se metamorfoseia, troca alguns dos membros e passa a denominar-se Hair.



( The Yellow Brick Road )

Mais tarde, em Maio de 1968, ainda apoiada na criatividade de Darby, publica o primeiro dos seus dois únicos singles a solo: “Gladys / With Your Love”. Em Fevereiro de 1969 segue-se o segundo: “The Nest / Your Sweet Inner Self”.

A recente compilação “The Nest” integra ambos para além de oito inéditos: dois temas captados no palco Matrix com os Yellow Brick Road, outros dois títulos gravados nos estúdios da Golden State em São Francisco pelos Hair e ainda quatro composições resultantes de sessões  levadas a cabo em 1968.

O denominador comum à maioria das gravações é Darby Slick: toca guitarra e sarod, assina quatro composições e produz a larga maioria.



 ( Hair )

Mais do que oportuna, “The Nest” é uma compilação estimulante. Nem todos os títulos possuem igual densidade / criatividade. Porém a voz ( talvez mais do que as próprias composições ) de Jeannie Piersol cola o conjunto das partes, separadas pelo tempo e intervenientes diversos.

“The Nest”, a canção, é uma composição aditiva, maioritariamente acústica, até a guitarra fuzz de Darby Slick nos recordar que o ano era 1969. “Joined In Space” e “Heading For The Sun”, ragas psicadélicos, poderiam ter sido assinados por qualquer uma das grandes bandas da Bay Area. Quanto a “Gladys”, “Quivering” ou “Light Sinking Down” não destoariam nos alinhamentos de “Takes Off” ou “After Bathing At Baxter’s”.

A homogeneidade é uma característica difícil de concretizar na maioria das compilações. “The Nest” não é excepção.  Todavia permite descobrir um talento que durante anos se recolheu por trás da caixa de uma agência do Bank Of America / São Francisco, para além da sonoridade marcante de uma banda efémera – The Yellow Brick Road” – da qual até à data nada sabíamos.

26/01/25

Lost Nuggets ( 194 )

The Walkabouts "Satisfied Mind" ( Sub Pop SP 116 / 294 ) Germany, 1993

- "Satisfied Mind" ( Rhodes / Hayes ) 
 - "Loom of the land" ( Nick Cave ) 
- "The River People" ( Robert Forster ) 
- "Polly" ( Gene Clark ) 
- "Buffalo Ballet" ( John Cale ) 
- "Lovers's crime" ( Pewee Maddux ) 
- "Shelter for an evening" ( Gary Heffern ) 
- "Dear darling" ( Mary Margaret O'Hara ) 
- "Poor side of town" ( Johnny Rivers ) 
- "Free Money" ( Patti Smith / Lenny Kaye ) 
- "The storms are on the ocean" ( The Carter Family ) 
- "Feel like going home" ( Charlie Rich ) 
- "Will you miss me when i'm gone" ( Tradicional ) 

The Walkabouts: Carla Torgenson ( voz, guitarra e violoncelo ), Michael Wells ( baixo e harmónica ), Terri Moeller ( bateria e percussão ), Glenn Slater ( piano, orgão, acordeão e sintetizador ) e Chris Eckman ( voz e guitarras ) 

com: Larry Barrett ( mandolin ), Peter Buck ( mandolin e bouzouki eléctrico ), Andrew Hare ( guitarra slide ), Clayton Park ( violino acústico e eléctrico ), Terry Lee Hale ( guitarra acústica ), Ivan Kral ( guitarra eléctrica e sintetizador ) e Mark Lanegan ( voz ). 

Produção: The Walkabouts e Kevin Suggs. 

Capa: design de Modern Dog, foto da capa "Herman in the Wheatfield", Grandma Sweeney's Village  Antiques

.

21/01/25

Filigree "S/t"

Curiosamente ou talvez não, um dos melhores novos discos de folk rock britânico que escutei em 2024 foi gravado em 1973. Um facto extraordinário que por si só diz muito ou quase tudo sobre o actual estado das artes. 

Resultado da adição de dois duos folk oriundos do Hertfordshire – Chris e Roger Jeffery + Pat Turner e Pete Cunningham -, os Filigree detinham até há pouco um parco espólio discográfico que se materializava no single “Yo, Yo Man / Morning has begun” publicado pela Orange em 1973, uma fugaz participação no clássico de folk gótico “Sweet Williams Ghost” da dupla George Deacon & Marion Ross além da inclusão de dois temas num álbum privado e virtualmente impossível de localizar: “Pirton Live”. 

No verão de 2024 a Bright Carvings recuperou o aparentemente único acetato resultante das sessões que os Filigree levaram a cabo em 1973. Trata-se de um conjunto de títulos de folk / rock contemporâneo ( à época ) parcimoniosamente repartidos entre originais, tradicionais e versões. 

“Meet on the ledge” ( Richard Thompson ) e “No regrets” ( Tom Rush ), são desde sempre duas das minhas criações preferidas e a sua inclusão, naturalmente, também ajudou a chamar a minha atenção. Não obstante, as versões, minimalistas e empenhadas, não atingem o brilhantismo dos respectivos originais, o que de resto era expectável. 

Ao contrário, os tradicionais “Banks of the Lea”, “Shearings” e “Coventry Carol”, acompanham muito bem “Morning has begun” e “Snow Maiden”, dois belíssimos originais ambos assinados e deliciosamente vocalizados por Pat Turner. 

Por ora “Filigree” foi objecto de uma edição em vinil, limitada a 157 cópias. Caso corram nesta pista não se distraiam …

 

19/01/25

Leituras




"Terrascopaedia nº 24"

Edição Phil McMullen, UK, 28 páginas

Janeiro 2025


"Lindo Sonho Delirante Vol. 2"

Bento Araújo, Edição Poeira Press, Brasil, 230 páginas

2018