20/11/24
Lost Nuggets ( 190 )
15/11/24
Crosby, Stills, Nash & Young "Live at Fillmore East, 1969"
“What we lacked in finesse we made up for in
enthusiasm. The better arrangements were still to come. A band on the run.
Expecting to fly.” ( Stephen Stills, no booklet da edição )
Stills acertou na mouche. Revisão da matéria dada. Pouco a acrescentar
e nada a retirar.
“Live at Fillmore East, 1969” ( 20 de Setembro para sermos
precisos ) é uma curiosidade histórica, apenas.
As prestações acústicas estão próximas das que já conhecíamos
de “Four Way Street”, captadas em Junho e Julho do ano seguinte.
O alinhamento eléctrico é algo mais entusiasmante. Sendo que
para tal concorrem os extensos 16m19s que
dura “Down by the river”, com Stills, Crosby, Greg Reeves e Dallas Taylor a ocuparem
muito bem o espaço dos Crazy Horse em “Everybody knows this is nowhere”, bem
como o hoje relativamente esquecido “Sea of Madness”, não obstante ter feito
parte da banda sonora de “Woodstock” e integrado o Volume I dos Neil Young
Archives.
No mais trata-se “do mercado a funcionar”.
13/11/24
Lost Nuggets ( 189 )
30/10/24
KEITH NOBLE "Mr. Compromise"
“Mr. Compromise” merecerá a fama que o precede? Sim, não ou
ainda talvez. Rigorosamente nada a ver com Pink Floyd ( qualquer que seja o
ângulo ou a época que se aborde ), os 10 temas que compõem o álbum, porventura
por terem sido compostos e gravados em diferentes épocas, carecem de
uniformidade.
O lado A, exceptuando o tema título, fica muito aquém das expectativas,
e as hipotéticas comparações com Al Stewart ou Roy Harper são manifestamente
exageradas.
O lado B é por seu turno, francamente interessante. “Dandelions have their day”,
“Weather”, “King of Iceman” e “Ashes and Silver” são das melhores filigranas,
aqui e ali experimentais, que o psych-folk britânico da época foi capaz de
produzir. E, estes sim, são temas a escutar com a devida atenção.
A mais de meio século de distância, percebe-se que “Mr.
Compromise” não poderia ter tido título mais adequado.
26/10/24
20/10/24
14/10/24
Jardins do Paraíso ( 86 )
Publicado no México em 1969, embora gravado em Janeiro do ano
anterior na República Dominicana por um colectivo de músicos porto-riquenhos, “Kaleidoscope”
permanece um disco raríssimo e porventura uma das maiores obscuridades do
período em apreço.
Na altura em que o álbum foi concebido, o psicadelismo, designadamente o americano, encontrava-se no seu zénite. Daí não ser estranho que “Kaleidoscope” seja sobretudo influenciado pelas sonoridades americanas e quase nada por aquelas que atravessavam o Atlântico.
O fuzz, os riffs e um omnipresente órgão planante não deixam
espaço para a mais pequena dúvida. The Doors, 13th Floor Elevators ou Iron
Butterfly, corporizam algumas das sonoridades que assomam à memória quando se escutam temas
como “Hang out”, “Hole in my life”, “Colours” ou “I’m here, he’s gone, she’s
cryin”. As guitarras em modo fuzz e/ou riff, vão colorindo as telas que o órgão
( muito “The End” / “When the music’s
over” ) cria de forma obsessiva e hipnotizante.
E depois há “Once upon a time there was a world”; uma suite
que resume toda a essência da linguagem psicadélica da época. Tão líricos
quanto dramáticos, os 8m 10s que a
compõem definem na perfeição o legado único do colectivo Kaleidoscope.
Se existem reedições oportunas e necessárias, esta é
seguramente uma delas.
07/10/24
25/09/24
Lost Nuggets ( 188 )
09/09/24
Lost Nuggets ( 187 )
07/09/24
Leituras
30/07/24
Jardins do Paraíso ( 85 )
Como Fred Neil, Scott Walker, Phil Ochs ou Tim Buckley, Tim
Hollier possuía uma daquelas vozes “larger than life”, um instrumento adicional
que de forma quase cinematográfica coloria as suas melodias e projectava os
textos de Rory Fellowes.
“Message to a Harlequim”, o primeiro álbum é muito isso, mais
o que somam os arranjos, órgão e piano de John Cameron, a flauta de Harold
McNair e o baixo de Danny Thompson.
Alicerçada em temas como o que titula o álbum, “Jimmy”, “And
I”, “Hanne” ou “In Silence”, e face ao
que neles se escuta, a estreia de Hollier terá de ser analisada à luz daquela
sonoridade épica e paisagística que bordejava o primeiro de David Ackles, o
segundo de Buckley ou os primeiros álbuns de Tom Rush e Tim Hardin.
Prometia muito e hoje, à distância de cinco décadas,
conclui-se que cumpriu sem rebuço nem hesitação. Porém, Hollier não era
americano e o Reino Unido estava a despedir-se do psicadelismo em direcção ao
progressivo. Não havia espaço para trovadores dos sentidos. O álbum, publicado
em Outubro de 1968, passou largamente incógnito.
David Hemmings seria todavia premonitório ao escrever as notas na contracapa do disco: “… if he is your speed you will be waiting impatiently as I am for his next.”
Um clássico do primeiro ao último tema, passando pela capa (
da autoria de Rick Cuff, também responsável pela guitarra acústica e piano )
“Tim Hollier” é um trabalho cuidado, frágil na estrutura e nos processos, mas
que avaliado pelo todo se posiciona como um dos grandes discos de 1970.
John Cameron não estava disponível, logo os arranjos de
cordas que pululavam no álbum anterior estão ausentes. Nada que afecte o
resultado final. A escrita e a composição, partilhadas entre Tim Hollier /
Amory Kane / Rory Fellowes, são acomodadas pelo já referido acompanhamento de
Cuff, a que se juntam a flauta de Ed Coleman, a guitarra de Hector Sepúlveda, e
a voz, piano e guitarra acústica de Amory Kane.
“Seagull’s Song” é extraordinário, como o são também
“Evolution”, “Maybe you will stay“, “In this room” ou “Evening Song”.
A influência de Tim Buckley, omnipresente no álbum estreia,
partilha agora o espaço com o paradigma sonoro Donovan, o que não é de todo uma
má notícia.
Fevereiro de 1971, “Skysail”. As orquestrações de John
Cameron estão de volta. Seria suposto terem algum protagonismo, harmonizando o
resultado final. Nada disso acontece porém.
Genericamente, a qualidade/consistência dos temas está muito aquém do esperado
( recomendado ).
“Skysail” é lamentavelmente um equívoco, difícil de
compreender tendo em conta o que nos aportaram os dois discos anteriores.
“Time has a way of losing you, The Tim Hollier Anthology”
inclui ainda dez versões oriundas de sessões na BBC e os dois temas do single “The
Circle Is Small”, nenhum deles
verdadeiramente inesquecível.
16/07/24
10/07/24
Hungrytown "Circus For Sale"
“Circus For Sale” configura o quarto álbum dos Hungrytown, um
projecto dinamizado pela dupla Rebecca Hall / Ken Anderson.
Residentes no Vermont, Rebecca ( voz e guitarra ) e Ken ( voz,
acordeão, banjo, baixo, bateria, piano, órgão, dulcimer, mandolim, vibrafone,
guitarra e harmónica ) ensaiam em “Circus For Sale” uma tentativa de coabitação
entre o “americana” e o folk barroco.
A ideia não é nova. Já outros o haviam tentado, com
resultados diversos.
No caso em apreço, “Circus For Sale” acaba por não ser um mau
disco, mas está longe de ser um muito bom exemplo do género.
Rebecca Hall é detentora de uma magnífica voz e Ken Anderson é
um multi instrumentista competente. Tais atributos não serão todavia
suficientes para, por si só, produzirem os
resultados almejados.
Em “Circus For Sale”, os originais ( da autoria exclusiva de
Rebecca ou, noutros casos, da própria dupla ) surgem pouco diferenciados, carecendo de homogeneidade.
Por seu turno, de tão ambiciosos, os arranjos e orquestrações
aparentam ter pouco a ver com as matrizes do folk barroco e porventura do “americana”.
Ao invés, os temas objecto de versão são uma outra história.
“Man Of Poor Fortune”, uma “murder ballad” escrita por
Rebecca e originariamente incluída no álbum a solo “Rebecca Hall Sings” ( 2000 ) bem como “Morning Brings Peace Of
Mind” cortesia de Bert Jansch ( “When The Circus Comes To Town”, 1995 ),
constituem-se como pedras angulares neste disco, provando, certamente de forma
involuntária e não planeada, que “Circus For Sale” poderia ser muito melhor se
os seus autores tivessem optado por observar a regra do menos é mais.
Ainda assim, um projecto a seguir.
03/07/24
Neil Young & Crazy Horse "Early Daze"
Neil Young é um arquivista compulsivo. Dessa característica
resultam factos positivos e menos
positivos, dependendo ambos naturalmente da abordagem e ponto de vista de cada um.
No que estritamente respeita à divulgação do vastíssimo catálogo,
umas vezes serão menos positivos pois ficamos dependentes dos humores, decisões
e timings do canadiano, os quais nem sempre, para não dizer quase sempre, coincidem
com os nossos desejos. Positivos nas restantes situações porque, quando os astros
surgem alinhados, somos presenteados com pérolas que o dito arquivista
compulsivo decide finalmente libertar.
Dito isto, olhemos para o recente “Early Daze”, um conjunto
de gravações datadas de 1968 e 1969.
Como é suposto inferir a partir das datas, acompanham Young
os Crazy Horse originais ( Danny Whitten, Billy Talbot, Ralph Molina e Jack
Nitzsche ), a melhor formação da banda de apoio de que o canadiano dispôs ao
longo da sua longa carreira ( se se derem ao trabalho de escutar ou reescutar o
primeiro álbum dos Crazy Horse perceberão o que se pretende salientar ).
Nove temas, ou melhor nove versões, uma vez que não está
presente nenhum inédito. Exceptuando “Dance Dance Dance” e “Everybody’a alone”
( ambas já publicadas no Volume I dos “Archives” ), as restantes sete são
versões alternativas Mono ou Stereo, mas até à data inéditas.
Escute-se por exemplo “Look at all the things” para se conferir
o que atrás se disse sobre a primeira formação dos Crazy Horse e sobre a perda
gigantesca que foi o desaparecimento precoce de Danny Whitten, neste particular
enquanto compositor.
No que diz respeito ao Whitten instrumentista bastará atentar
aqui nas versões “imperfeitas” de “Cinnamon Girl” ou “Down by the river” para
se aquilatar da dimensão da perda.
Quanto ao mais “Early Daze” é momento de puro gozo, sabemos
que não iremos encontrar ali um novo mapa da mina. Porém a atmosfera “work in progress”,
descontraída e despretensiosa que emerge das sessões será porventura o ambiente
onde o talento dos protagonistas melhor flui.
Estas gravações são contemporâneas do período em que a Band
gravou “Music from Big Pink” e “The Band”.
Pode até parecer uma comparação abusiva, mas não me recordo de nenhuma versão
de “Helpless” em que Ralph Molina tenha feito tão bem de Levon Helm como aqui.
Se puderem não percam!