03/05/25

Artefactos ( 140 )


Revista "Devil in the Woods" nº 2.2, Verão 2000

Inclui EP com temas de Red House Painters, Sunday's Best e Arca


29/04/25

Lost Nuggets ( 200 )


Bobby Darin "If I were a carpenter" ( Atlantic SD 8135 ), USA, 1966

- "If I were a carpenter" ( Tim Hardin )
- "Reason to believe" ( Tim Hardin )
- "Sittin' here lovin' you" ( John Sebastian )
- "Misty Roses" ( Tim Hardin )
- "Until it's time for you to go" ( Buffy St. Marie )
- "For Baby" ( H. J. Deutschendorf Jr., AKA John Denver )
- "The girl that stood beside me" ( Jeffry Stevens )
- "Red Baloon" ( Tim Hardin )
- "Amy" ( Bobby Darin )
- "Don't make promises" ( Tim Hardin )
- "Day dream" ( John Sebastian )

Condução de orquestra e arranjos de Donald Peake e Bob Halley

Produção de Charles Koppelman e Don Rubin

Capa de Remo Bramanti

28/04/25

Heroes are hard to find ( 103 )


Wizz Jones 

( 1939 - 2025 )

21/04/25

"Motor City Is Burning, A Michigan Anthology 1965-1972"

There was blues in Detroit, gospel, R&B, rock and jazz. It made more of a community - ´We’re from Detroit and proud of it´. We were part of a great community that was really unique. It didn’t really exist anywhere else. It had to do with Detroit being a factory town, being a hard-working town. This work ethic cut across to everything. The people worked hard, and they wanted to see their bands play hard. It also created an openness for the cross-pollination between black music and what we did as white rockers that didn’t exist anywhere else.” ( Wayne Kramer, MC5 ) 

No que concerne ao Michigan e à cidade de Detroit em particular, do ponto de vista musical nenhuma história ficará completa se não considerar os Funkadelic, os Detroit de Mitch Ryder e Steve Hunter, Bob Seger, Ted Nugent com os Amboy Dukes ou Stevie Wonder nas fases iniciais das respectivas carreiras. 

Logo a compilação “Motor City is burning, a Michigan Anthology 1965-1972”, onde por dificuldades de licenciamento dos direitos, aqueles nomes estão ausentes, não poderá ser considerada definitiva.

Contudo, tem os seus méritos, como de resto a maioria das colectâneas onde o nome de David Wells surge como curador e anotador. 

Wells optou por segmentar a abordagem. Assim o CD1 incide no garage/fuzz/psych, o CD2 o hard/heavy rock, enquanto o terceiro se debruça sobre o funk, o soul e zonas limítrofes. 

Daqui se infere que muito dificilmente poderia ser um trabalho homogéneo, desde logo porque uma das vertentes, o hard-rock, surge claramente datado aos ouvidos de hoje. 


Dito isto, parece razoável voltar a subdividir a compilação em três outras áreas: os clássicos, as obscuridades e as curiosidades

No que respeita aos clássicos, salientar: a versão de “I can’t get no satisfaction” dos Terry Knight and The Pack, os Scot Richard Case com “I’m so glad” tornado popular pelos Cream e Deep Purple, “1969” dos Stooges, “I’m alive” de Tommy James & The Shondells, o tema que dá título à compilação, autoria de John Lee Hooker ( mais tarde objecto de revisão algo abusiva pelos MC5 ), “Ball of Confusion” dos Temptations, “Teenage Lust” pelos MC5, “Reflections” Diana Ross & The Supremes ou “Up all night” dos SRC

Quanto às obscuridades destaque mais do que justificado para “Help me find myself” lado B do excelente e raríssimo single dos The Troyes, “Somehow” o também single dos The Thyme para a A-Square, o inédito “Outside woman blues” versão dos Felix para um tema dos Cream de “Disraeli Gears”, “Dreams selection” um título psico-prog assinado pelos Sunshine num single para a Bumpshop e “Brave new world” escrito pelos BOA para o álbum “Wrong Road”. 


No campo das curiosidades referência para “Baby won’t you let me tell you how I lost my mind” dos Spike Drivers de Ted Lucas ( mais tarde dariam origem aos excelentes Perth County Conspiracy, a versão proto-prog de “All along the watchtower” dos Savage Grace, o “Christian rock” dos Earthen Vessell, “I got a right” o primeiro tema escrito por Iggy Pop, gravado com os Stooges em 1972 e não publicado na altura, “Crumbs off the table” dos The Glass House e, a terminar, Ruth Copeland, uma expatriada de Durham no nordeste de Inglaterra com uma versão devastadora de “Gimme Shelter” que apenas não supera o original porque tal é impossível. 

Uma compilação simultaneamente uma lição de história e um paraíso para melómanos. 

Notas: 

1) A capa reproduz uma foto dos confrontos na cidade de Detroit em Julho de 1967. “Motor City is burning” de John Lee Hooker nasceu ali.

2) Eventuais interessados na temática do Detroit Sound poderão investigar “The Story of Michigan’s Legendary A-Square Records”, compilação que entre outros reúne temas dos MC5, The Scot Richard Case, The Thyme, The Prime Movers, Dick Wagner & The Frost e The Bossmen gravados para a  lendária  A-Square Records.

19/04/25

Lost Nuggets ( 199 )

 


Detroit "S/t" ( Paramount PAS 6010 ), USA, 1971

- "Long neck goose" ( Mitch Ryder, Bob Ezrin )
- "Is it you (or is it me)" ( Mitch Ryder, J. Bee )
- "It ain't easy" ( Ron Davis )
- "Rock ' n roll" ( Lou Reed )
- "Let it rock" ( E. Anderson )
- "Drink" ( M. Manko, J. Optner )
- "Box of old roses" ( W. R. Cooke )
- "I found a love" ( W. Schofield, W. Pickett, R. West )

Detroit: Mitch Ryder ( voz ), John (The Bee) Badanjek ( voz e bateria ), Dirty Ed ( congas e tamborim ), Steve (Decator Gator) Hunter ( guitarra ), W. R. Cooke ( voz e baixo ), Brett Tuggle ( guitarra ) e Harry Philips ( teclas ); com: Boot Hill ( teclas e harmónica ), John Sauter ( baixo ) e Mark Manko ( guitarra ).

Gravado no Manta Sound Studio, Toronto.

Produção de Bob Ezrin

Capa: 
Frente de Stanley Mouse. Verso: design de Bob Wilson, foto de Charles Auringer

14/04/25

Artefactos ( 139 )





Beautify Junkyards "From The Morning" ( Nick Drake ) / "Fuga Nº 2" ( Os Mutantes )

CD, Edição Promocional, Fruits de Mer Records, 15 Agosto de 2012.

06/04/25

"Jingle Jangle Morning, The 1960s U.S. Folk-Rock Explosion"

When folk guitarrist-singers Roger ( then Jim ) McGuinn, Gene Clark, and David Crosby started to make music together around mid-1964, they’d barely begun to play electric instruments. With newly recruited bassist Chris Hillman and drummer Michael Clarke, they devised a full electric arrangement of this then-unreleased Bob Dylan composition that combined the best of Dylan and the Beatles, with ringing electric 12-string guitar and heavenly harmonies. Although only McGuinn played on the single, the result was a #1 hit in both US and UK as summer 1965 dawned, and the dawn of folk-rock itself.”

Não sendo a única, a versão de “Mr. Tambourine Man” inventada pelos Byrds e acima comentada por Ritchie Unterberger, é uma das razões da existência deste blog. O folk-rock ( sobretudo o americano ) é uma outra. 

Caldo perfeito para, com evidente satisfação, receber “Jingle Jangle Morning, The 1960s US Folk-Rock Explosion”; selecção, compilação e notas de Ritchie Unterberger, assistência aúdio de Alec Palao.
A larga maioria dos primeiros arautos do folk-rock provinham do folk e do folk revival do inicio dos 60s. A então deriva eléctrica de Dylan primeiro e dos The Byrds no imediato, funcionou como catalisador para um movimento que cavalgando a onda de British Invasion acabou a competir com esta. 

Yet folk-rock wasn’t merely a matter of mixing the Beatles and Bob Dylan, or folk songwriters trading their acoustic guitars for electric axes. In the five or so years after The Byrds hit #1 on both sides of the Atlantic with their rocked-up reinvention of Dylan’s ‘Mr. Tambourine Man’, dozens of American acts took the best of both rock and folk to not only create something wholly new.” 

De um ponto de vista histórico e documental “Jingle Jangle Morning” é uma das abordagens possíveis. Haverá certamente outras, muito embora esta, balizada entre os anos de 1965 e 1970, seja susceptível de criar adição.
Os 76 temas que compõem a compilação abordam um largo espectro do género. Do óbvio ao surpreendente, passando pelo inesperado. 

Dylan, Byrds, Phil Ochs, Great Society, Buffalo Springfield, Gene Clark, Tim Buckley, Beau Brummels, Simon & Garfunkel, Fred Neil, Youngbloods, Judy Collins, David Blue, Jefferson Airplane, Tom Rush, Gordon Lightfoot, Love, Tom Paxton ou Tim Hardin entre outros, cabem no campo do óbvio. 

Com maior ou menor grau de surpresa, são aparentemente inesperados os nomes de Nico, Dion, Poco, Lamb, Johnny Winter, Linda Ronstadt, Fugs, Fapardokly ou Holy Modal Rounders por exemplo. Opções do curador que nos convidam a questionar clichés e colocar de novo em perspectiva verdades entretanto adquiridas.
A tudo isto acrescem algumas cerejas colocadas no topo: Blackburn & Snow com “Stranger in a strange land”, um tema que David Crosby escreveu e produziu em 1966 sob o pseudónimo Samuel F. Omar; “Is there anything I can do” dos The Ashes ( pré Peanut Butter Conspiracy ); “2:10 Train” dos The Rising Sons ( com Ry Cooder e Taj Mahal ); “Guinevere” dos The Lemon Drops; “All night long” de Tom Paxton; o inédito “Watch me walk away” dos obscuros Stourbridge Lion, ou o espectacular “Woman don’t you weep” escrito por Steve Young para o único álbum dos Stone Country

Seguramente uma das compilações do ano.
 

02/04/25

Elandill "S/t"

 


Em 2024, numa loja de oportunidade em Chiswick nos arredores de Londres, foi descoberto um acetato identificado por Elandill. Único exemplar conhecido, acabou por dar origem a uma edição em vinil limitada a 227 unidades. Até à data, nada mais se sabe sobre a origem ou história do(s) autor(es) do artefacto.

A música, essa é profundamente britânica, matriz do inicio dos 70s. Pastoral, progressiva, “Chamber rock”, elegante e sofisticada.

Estética e estruturalmente próxima do paradigma da Charisma Records ( período de vigência do selo Pink Scroll ), ecoa a Genesis pré-“Foxtrot”, Yes pré “Yes Album”, Jethro Tull pré “Aqualung”, Audience de “Friend’s Friend’s Friend” ou até Family de “Music In A Doll’s House”.



A trilogia presente no lado A é magnifica com particular destaque para a suite “Storybook Friend” que soma à profunda englishness pequenas componentes do som west-coast da época.


O lado B, mais curto, segue a mesma bitola, com um detalhe adicional: as vocalizações são “assustadoramente” semelhantes às prestações de Jon Anderson nos primeiros álbuns de Yes, como se a intenção fosse mesmo essa ou de uma clonagem se tratasse.

Tudo somado, “Elandill” é um belíssimo artefacto de época, do qual certamente ainda iremos ouvir falar no futuro.  

Calcula-se que nesta altura uma horda de investigadores já se encontre em trabalho de campo, na senda de descobrir mais pormenores acerca deste mistério.

28/03/25

Neil Young "Oceanside Countryside"

 


Na linha do tempo, “Oceanside Countryside” era suposto constar imediatamente antes de “Comes a Time” (1978 ). Não aconteceu.

Publicado pela primeira vez há um par de meses na compilação mamute “Neil Young Archives Vol III ( 1976-1987 )”, acaba de ser autonomizado numa primeira edição em vinil.

Ainda assim, e porque estamos a falar de Neil Young, a operação não podia revestir apenas uma mera mudança de formato. Tinha de existir mais qualquer coisa.

Assim e relativamente à edição de “Archives”, foram retirados do alinhamento os temas “Peace of Mind” e “Comes a Time”, sendo substituídos por “Captain Kennedy” e “The Old Homestead”.

Como aqui pelo Atalho “Comes a Time” nunca foi uma preferência, a substituição tende a parecer uma melhoria.

O lado A surge assim mais equilibrado com “Sail Away”, “Lost in Space”, “Captain Kennedy”, “Goin’ Back” e “Human Highway”, versões acústicas onde Young se encarrega de todos os instrumentos.

O lado B denota um pendor marcadamente “country”, em linha com a inspiração do período compreendido entre “American Stars ‘N Bars” ( 1977 ) e “Comes a Time”( 1978 ) e onde “Dance Dance Dance”, divulgada no álbum homónimo dos Crazy Horse ( 1971 ) constitui a única “anomalia”.

24/03/25

Weird Herald "Just Yesterday"

Quando Jorma Kaukonen escreveu o intenso blues-rock “Ode for Billy Dean” e o publicou em “Burgers”, o álbum dos Hot Tuna de 1972, teve em mente Billy Dean Andrus (“Billy Dean is another one of those tragic stories. He was the first person that I knew who had died of a drug overdose. He was another huge talent, a great guitar player, a great songwriter, and a great showman. The fact that he never made it out of his twenties is absurd in retrospect“).

Os Weird Herald formaram-se em Saratoga condado de Santa Clara, California, por altura do chamado Summer of Love. Tinham em Bill Andrus o principal mentor. Colega de liceu e amigo de Skip Spence ( com quem chegou a actuar enquanto duo ), Billy Dean presenciou a formação dos Jefferson Airplane e, mais tarde, depois destes terem prescindido de Spence, o nascer dos Moby Grape

No seguimento de algumas actuações em clubes em Los Gatos, Sunnyvale, Santa Clara e San Jose, a banda é convidada a gravar um single para a Onyx Records então ligada à Fantasy. “Saratoga James”, um belíssimo folk acústico escrito por Andrus no lado A e “Just Yesterday” assinado pelo segundo guitarrista Paul Ziegler no flipside. O 45 rotações foi publicado em 1968 apenas como promo. Nunca foi objecto de uma edição alargada para o mercado. 

Ainda que o single não tenha saído dos blocos de partida, foi o necessário para que os Weird Herald frequentassem o Max Weiss Studio de São Francisco, aí gravando um conjunto de temas para “testar as águas”. 


No dealbar de 1969 a banda de Billy Dean e Paul Ziegler actuou nas primeiras partes de Sons of Champlin, Steppenwolf, Ace of Cups, Cherry People e Hot Tuna entre outros. Apesar disso e por razões diversas ( entre elas seguramente a morte de Billy Dean em Novembro de 1970 ), o resultado das sessões de gravação permaneceu inédito durante mais de cinco décadas. Até agora. 

Just Yesterday”, permite-nos finalmente apreciar o legado dos Weird Herald. Porque a fonte são fitas gravadas de outras fitas ( as originais perderam-se no tempo ) a qualidade das mesmas não é a que mais se desejaria. Um “detalhe” que facilmente passa a segundo plano face à qualidade da música delas transcrita. 

“Where I’m Bound” um intro psicadélico que não destoaria em “Aoxomoxoa”; os já referidos “Saratoga James” e “Just Yesterday” ( este da autoria de Paul Ziegler ) lembram a inicial fase acústica dos Hot Tuna; “Canyon Women” e “Help Me Find My Way” encontram-se a meio da ponte que liga Grateful Dead a Moby Grape; “Reapin’ Seasons” sugere aquela linguagem “country rock” que preencheu “American Beauty” e “Workingman’s Dead”; “Burgundy and Yellow” o grande tema, peça de filigrana psicadélica que define o talento do seu criador; “Untitled, peça sem título que cresce a partir de uma guitarra acústica em cascata em direcção a um planalto melódico, numa espécie de jogo de espelhos cujos protagonistas são o baixo de Cecil Bollinger e a acústica de Billy Dean. 

Tudo somado, uma das recuperações do ano. Tão ou mais estimulante que os estimulantes resgates de Crystal Syphon ou Turquoise

Ps: a versão CD acrescenta sete temas à versão em vinil.

22/03/25

Lost Nuggets ( 198 )


Rosemary Hardman "Firebird" ( Trailer LER 2075 ), UK, 1972

- "Firebird"
- "I Can Find You Anywhere (Clive's Song)"
- "The Way It Is"
- "Mistress Of My Time"
- "Who Shall Count For Thee?"
- "Song To The Evening Sky"
- "Horses Of The Sea"
- "King Willima's Bequests"
- "The Fiddler Man"
- "Rondeau" ( Hardman / Axford )

Rosemary Hardman: Canções, voz e guitarra; com: Bob Axford ( voz e guitarra ), Chris Thompson ( voz e guitarra ), Roger Trevitt ( baixo ), Clive Woolf ( voz e guitarra ), June Tabor ( voz ), Alan Eden ( bateria ), Sue Draheim ( violino ), Barry Dransfield ( voz e violino eléctrico ) , Martin Winsor, Carole Pegg, Linda Peters, Howard Bond, Terry Hiscock e Chris George ( vozes ).

Produção de Bill Leader

Capa: Rosemary Hardman e Janet Kerr.

18/03/25

Artefactos ( 138 )


It was Trevor’s ( Lucas ) idea to do a rock and roll record featuring the folk rock community. This seemed a redundant exercise from the outset and I voiced concerns, but there was no enthusiasm – everyone else was on board, and I didn’t want to be left out. The results of our labours became the album “Rock On”. There was nothing new to be found in the material or the interpretations, for the most part. Sandy ( Denny ) sang beautifully, as did Linda ( Thompson ), and their performances were the highlights for me. Their duet on “When Will I Be Loved” was the outstanding  track.” 

( Richard Thompson )


( Flexidisc )




16/03/25

Jardins do Paraíso ( 87 )

 


Antes de integrarem o catálogo da Warner Brothers, nele publicando “Hard Meat” e “Through a Window” ( ambos em 1970 ), os Hard Meat dos irmãos Mick e Steve Dolan mantiveram fugaz ligação à Island Records de Chris Blackwell, selo onde a 9 de Agosto de 1969 lançaram o single “Rain”, uma interessante  versão do título dos Beatles.

O 45 rotações, em cujo lado B constava “Burning up years”, antecipava o lançamento de um álbum entretanto gravado nos estúdios Tridend no Soho. Não é clara a razão pela qual o disco não foi publicado à época. O produtor ( Sandy Roberton ) era um dos mais conceituados do seu tempo, Blackwell, consta, estava entusiasmado, um sentimento que se supõe não ser partilhado pelo A&R Guy Stevens.

Ao escutar “Rain”, a primeira edição em vinil daquele conjunto de gravações, é hoje evidente  o erro colossal que foi o veto à respectiva publicação. 


A abrir, a versão do tema de Lennon e McCartney diz-nos ao que vêm os Hard Meat. Inventivo, magnificamente suportado na doze cordas  de Mick Dolan, “Rain” conduz-nos até “Most Likely You’ll Go Your Way, I’ll Go Mine”; isso, Dylan, o qual por seu turno nos leva até ao acústico “Strange Fruit” ( mais tarde publicado na compilação “49 Greek Street” sob o pseudónimo Tin Angel ) e a “Liquid Boats”, um tema que numa escuta cega poderia sugestionar uma demo de Pete Townshend, período “Tommy / Who’s next”.

“Walking Down Up Street” é um rock hipnotizante que torna legítimo  especular se Randy California e os Spirit não fariam parte da dieta musical dos Hard Meat. Idem para “Burning Up Years”. Por fim “Run Shaker Life”, uma fantástica recriação rítmica do título que Richie Havens incluiu no duplo álbum “Richard P. Havens, 1983” de 1969.

Duas destas canções ( “Run Shaker Life” e “Most Likely You’ll Go Your Way, I’ll Go Mine” ) viriam a fazer parte do alinhamento do primeiro álbum do grupo para a Warner Brothers. As restantes, com excepção das publicadas no single, manter-se-iam inéditas cerca de cinco décadas.

Após o fim dos Hard Meat, os irmãos Dolan alavancaram os Big Front Yard, uma banda de inspiração West Coast a que o Atalho já aqui dedicou a sua atenção.

14/03/25

Lost Nuggets ( 197 )


Michale Hanly, Micheal O'Donnell "Celtic Folkweave" ( Polydor 2908 013 ) Irlanda, 1974

- "Biodh Orm Anocht"
- "The Bold Princess Royal"
- "The Banks of Claudy"
- "Eirigh's Cuir Ort Do Chuid Eadaigh"
- "An Bothán A Bha'ig Fionnghula"
- "The Heathery Hills of Yarrow"
- "Breton Dances"
- "The Hiring Fair at Hamiltonsbawn"
- "Brid Óg Ni Mháille"
- "The Glasgow Barber"
- "(No Love is Sorrow) Songbird" ( Pentangle )

Canções tradicionais excepto a indicada

Michael Hanly ( voz, guitarra e dulcimer ), Micheál O'Donnell ( voz e guitarra ) com:  Liam Óg O Floim ( gaita de foles ), Donal Lunney ( pandeireta irlandesa ), Matt Malloy ( flauta ), Tommy Peoples ( violino ), Declan McNeils ( baixo ) e Triona Ni Dhomhmail ( cravo )

Produção: Donal Lunney

Capa: design de Des O'Meara & Partners Ltd; Notas da contracapa de Marcus Connaughton.

07/03/25

Turquoise "The return of Captain Speed"

 


Resultado da junção e reciclagem dos estilhaços de um conjunto de bandas ( The Corvairs, Jer and The Renegades, Chessmen, English Sound Project, Captain Speed ), os Turquoise eram originários do sul da California, designadamente de Santa Barbara e San Luis Obispo.

Contemporêneos dos Strawberry Alarm Clock e dos menos mediáticos Giant Crab, os Turquoise gravaram dois singles no decorrer de 1967: “Hello Bill / Steel Glass” e “Sunflower Mama / Beautiful Death Dealer”, ambos objecto de produção do “maverick” Kim Fowley.

Qualquer dos quatro temas, com particular destaque para “Hello Bill” e “Beautiful Death Dealer” alinham pelos padrões do psicadelismo californiano da época. Intencionalmente ou não optam por incluir um órgão “à la” Ray Manzarek, facto que lhes permite desenvolver uma vertente “Doorsy sound” que, não sendo propriamente inovadora, demonstra a intenção de manter a sintonia com o paradigma de sucesso que a banda de Jim Morrison perseguia. O mesmo raciocínio poderá ser aplicado às vocalizações de Tim Pearson, sendo que os textos deste não logram atingir o mesmo desiderato.


Ainda assim “The return of Captain Speed” é um artefacto genuíno que, além de recuperar os títulos acima referidos, lhes soma oito interessantes temas gravados em 1968, desta vez sob a batuta do produtor Jim Salzer.

Equívocos vários, incorporações de membros do grupo no exército com destino ao Vietnam, o falecimento de Tim Pearson ao que que se conhece, fruto de comportamentos erráticos e aditivos, conduziram ao fim de uma banda que entre outros integrou o futuro Little Feat Bill Payne.

Para memória futura ficaram as músicas disponíveis em “The return of Captain Speed” que a chancela de qualidade do historiador e arquivista Alec Palao permite a eventuais curiosos agora avaliar.