Como sucedera já no outro lado do Atlântico, no Reino Unido o
blues e o country blues foram também, mais que instrumentais, determinantes na criação
e formatação de uma significativa parcela da música popular ali prevalecente
nas décadas de 60 e70.
Com efeito, muito antes de se tornarem arautos, nalguns casos
ícones, do folk, folk rock, rock ou mesmo do apelidado progressivo, nomes como
Beverley Martyn, Ian A. Anderson, Wizz Jones, Jethro Tull, John Martyn, Mike
Cooper, Davy Graham, Andy Roberts, Jackie McAuley, John Renbourn, Bert Jansch,
Ralph McTell ou Incredible String Band, todos passaram e pararam na gigantesca
herança do blues norte-americano.
Existem múltiplos e documentados exemplos fonográficos do que
atrás ficou dito, mas dúvidas houvesse “Shake That Thing!, The Blues in Britain
1963-1973” encarregar-se-ia de as dissipar.
Enquanto compilação não será perfeita e muito menos completa;
porventura nenhuma o será. Contudo enquadra, com evidente preocupação
cronológica, o que de mais significativo aconteceu no Reino Unido no âmbito e
no tempo.
A abrir um dos primeiros singles de Cyril Davies com a sua Rhythm
and Blues All-Stars; a fechar o som inconfundível da slide de Rory Gallagher.
Pelo meio tropeçamos no single estreia de Rod Stewart com “Good morning little
school girl” um original de Sonny Boy Williamson ), continuamos com Davy Graham,
as instituições Alexis Korner, Alex Harvey e John Mayall, o nicho oriundo de
Bristol com Ian A. Anderson e vários registos históricos com os selos Saydisc,
Spark e Village Thing.
Os Fleetwood Mac fase Peter Green estão naturalmente
presentes, tal como outros nomes fundamentais da Blue Horizon ( Chicken Shack,
Jellybread ) e parte do espólio da raríssima Music Man com Dave Kelly, Bob
Hall, Jo-Ann Kelly ou Bob Brunning.
Os clássicos Pentangle, Jethro Tull, Savoy Brown, Siren,
Trader Horne, Taste e Humble Pie. Mas sobretudo e bastante mais estimulante, um
conjunto de nomes e registos a que o tempo não fez justiça: Simon & Steve, Al
Jones, Fran McGillivray, Tom Robinson, Sam Mitchell, Gerry Lockran, Roger
Hubbard e Dave Ellis entre outros.
“Shake that Thing!” é exactamente aquilo que uma compilação
deve ser. Uma porta de entrada que permita olhar vendo para algo em que não se
reparou.