30/05/23

David Blue "The Lost 1967 Elektra Recordings & More"

 

“… He has lots of friends, most of them dead…( David Blue, in “The Street” )


 Um artista que escreve esta frase para uma das suas canções não merece ser negligenciado.

E no entanto, apesar de em vida ter publicado sete álbuns, Stuart David Cohen permanece um semi desconhecido. Contemporâneo e “compagnon de route” de Dylan na Greenwich Village dos mid 60s, Blue gravou as suas primeiras três canções para a Elektra, publicadas em 1965 no álbum “Singer Songwriter Project”,  uma edição com formato pioneiro e que além daquelas integrava também temas de Richard Farina, Patrick Sky e Bruce Murdoch.

Convidado a prosseguir, no ano seguinte o autor gravaria “David Blue” um disco icónico e muito interessante. Embora retratasse ( musical e socialmente ) o espírito da Greenwich, não logrou à época obter grande adesão em matéria de vendas.

No decorrer de 1967, David Blue grava um derradeiro álbum para a Elektra.  Por vicissitudes várias as fitas nunca veriam a luz do dia. Até agora.



The Lost 1967 Elektra Recordings & More” são onze canções, oito gravações inéditas a que se juntam os três temas inicialmente incluídos em “Singer Songwriter Project”. Suportado musicalmente pela The American Patrol, Blue gravou na ocasião um conjunto de canções que só critérios editorias obscuros e ou de índole mercantil justificam a sua não publicação em tempo.

Colocando de lado o lirismo, quase sempre soberbo e inspirador, do ponto de vista estritamente musical estas canções poderiam ser primas direitas daquelas outras que Dylan gravava quase simultaneamente em Woodstock;  e sim é de  Basement Tapes” que falamos.

“Vaudeville Blues”, “King of Spain” ou “Dr. Smith’s Electrical Light Machine”, estilisticamente a anos luz do álbum de estreia, poderiam ter sido compostas e gravadas na casa “Big Pink” em West Saugerties com a trupe da The Band.

“You need a change”, “23 Days in September”, “Anna” e “Scales for a window thief” por seu turno definem o estilo futuro do autor e não foi certamente por mero acaso que as quatro, embora objecto de versões diversas, integraram “These 23 Days in September” ( 1968 ) o primeiro álbum para a Reprise e que é a par de “Stories” ( 1971 ) um dos grandes discos de David Blue.



A carreira do autor prosseguiu diversificada e intermitente até à sua morte em 1982. O capítulo maior que faltava conhecer aí está, finalmente. No espaço cinzento dos “live bootlegs” habitam ainda duas canções: “Tell me what it’s like when you get back, Jack” e “Anything you find on the floor is yours”. Restará saber até quando …