Num mundo mais justo, Peter Dunton deveria receber o mesmo reconhecimento
atribuído a alguns nomes da primeira
liga de Canterbuty; Caravan, Camel e
Soft Machine à cabeça.
Musicalmente inspirado como Kevin Ayers, vocalmente
melancólico como Robert Wyatt,
instrumentista dotado como Peter Bardens, Dunton é apenas reverenciado nas
margens do underground britânico do inicio dos 70s à boleia de “It’ll all work out in boomland” a obra prima
que assinou com os T2.
Para além daqueles, Dunton esteve na origem de bandas como
Neon Pearl, Gun, Flies ou Morning e, como um genial semi-desconhecido, deixou
um património musical largamente por explorar.
“Seeing Stars”, gravado entre Setembro e Outubro de 1969 nos
Marquee Studios em Londres ( Dunton encarrega-se da voz, teclas e bateria;
Bernie Jinks do baixo e Nick Spenser da guitarra ) é apenas e só mais um
clássico da cena psico/progressiva do underground britânico do final dos 60s.
Negligenciado é verdade, mas não deixa por isso de ser um clássico.
Desta forma torna-se difícil, diria quase impossível,
evidenciar um ou mais temas ante a harmonia que o conjunto revela.
Ainda assim, não deixem de escutar o tema título, “Words to
say”, “Time goes by” ou “Still dreaming”, composições onde o órgão bordeja o celestial
e que, curiosamente ou talvez não, induzem a um paralelismo com a auto-harpa de
Bill Miller em “Dark Shadows”, esse outro clássico de psicadelismo assinado
pelos Cold Sun.
Em 1973, Peter Dunton gravaria para a RCA um álbum a solo que
permanece inédito até à data. O single “Taking time / Still confused” contém os
dois únicos temas a emergir dessas sessões.