“Help Yourself is uniformly delightful. Malcolm Morley sounds more like Neil Young than Neil Young does. If your ears are shaped like mine, you’re adore Help Yourself’s shimmering, crystalline guitar sound so reminiscente of the first Springfield album, against which Help Yourself stacks up very well.”
( John Mendelsohn, Rolling Stone magazine in a review of Help Yourself’s debut album ).
Não abundam casos como os de Help Yourself. Gravaram o álbum de estreia em 1971 sem nunca terem feito uma actuação de palco, o que para a época era verdadeiramente invulgar; no espaço de dois, três anos produziram um consistente e inspirador conjunto de discos; deixaram uma inegável pegada no rock britânico e, no entanto, aparte um nicho de indefectíveis, permanecem uma, ainda que majestosa, nota de rodapé da história.
Funcionaram quase sempre como um colectivo democrático, com profusas e reiteradas entradas e saídas de membros ( as interseções começam nos Eire Apparent e passam entre outros pelos Man, Sam Apple Pie, Brinsley Schwarz, Dukes Deluxe, Tyla Gang, Flying Aces, Green Ray ou Sean Tyla ). Todavia o espírito e o som mantiveram a espinha dorsal, muito por responsabilidade desse extraordinário compositor e músico que é Malcolm Morley.
Entre álbuns originais, singles e outras participações, a tarefa de conseguir a totalidade do legado de Help Yourself tem vindo a revelar-se uma tarefa árdua e sobretudo dispendiosa. Facto agora minimizado por “Passing Through, The Complete Studio Recordings”, uma compilação que reúne pela primeira vez numa única edição todas as gravações de estúdio da banda, acrescentando os dois temas integrados no lendário evento “Christmas at The Patti” e “Lost and Found”, um dos quatro álbuns a solo de Malcolm Morley e aquele que mais se identifica com o paradigma sonoro dos Help Yourself. De fora ficou apenas a participação do colectivo em “The Amazing Zig Zag Concert”, um evento levado a cabo para homenagear o legado do Zig Zag Magazine de Pete Frame em prol do underground britânico.
Enquadramento concluído será justo reforçar “a delícia” que é toda a música dos Help Yourself . No conjunto da sua discografia não existe um mau álbum, ainda que uns sejam melhores que outros. O Atalho destacaria os três primeiros – “Help Yourself”, “Strange Affair” e “Beware the shadow”, por serem de uma inigualável eloquência. O álbum estreia por incluir “Old Man” ( sem relação com o tema de Neil Young ), “Deborah”, “To Katherine They Fell” e “Street Songs” entre outros. “Strange Affair” por via de “Brown Lady”, “Heaven Row” ou “The All Electric Fur Trapper” uma peça psicadélica onde as guitarras de Morley, Richad Treece, Ernie Graham e Jo-Jo Glemser disputam o protagonismo. Finalmente “Beware The Shadow” através dos clássicos “American Mother”, “Passing Through” e da semi-prog suite “Reaffirmation”.
Ainda que nascidos como projectos autónomos “Ther Return of Ken Whaley” e “Happy Days” foram publicados em simultâneo e assumem-se como os mais iconoclastas dos registos Help Yourself considerando o até então paradigma sonoro. Mais experimentalistas e, sobretudo no caso do segundo, permeáveis à influência do então emergente pub-rock, integram ainda assim temas muito interessantes ( “Amy”, “Candy Kane” ou “Seashell” ) onde a guitarra do artesão Richard Treece atinge patamares de excelência.
“5” originalmente publicado em 2004 e beneficiando de uma capa concebida e desenhada por Rick Griffin, agrupa um conjunto de temas gravados no verão de 1973, mas não editados na época. É um disco bonito e essencialmente melódico. Tem dentro uma das canções mais brilhantes do colectivo – “Cowboy Song” – curiosamente uma das poucas de que Morley não é autor. Acrescem ainda quatro temas/jam sessions captados a 10 de Abril de 1972 numa sessão da BBC Radio One.
( os dois únicos singles dos Help Yourself publicados com picture sleeve; "Brown Lady" na Alemanha e "Mummy won't be home for Christmas" em Inglaterra )
Por fim “Lost and Found”. Cronologicamente as primeiras gravações a solo de Malcolm Morley levadas a cabo nos Foel Studios de Gales em 1976. Entretanto extraviadas, só seriam publicadas em 2002. Reúnem momentos de rara eloquência como “Grace”, “Romance in a Tin” ou o dylanesco “Naked as the Night” e são o corolário perfeito para esta iniciativa editorial.
Help Yourself é uma banda fácil de gostar …, desde que devidamente conhecida. “Passing through” significa uma oportunidade única para os que nunca se cruzaram com estes sons e, também em simultâneo, para uma imensa minoria de incondicionais que encontrarão num lugar único todo o espólio de uma banda verdadeiramente excepcional.