“I’m absolutely delighted that the LP is getting its first
release on vinyl in the UK. It might be 54 years late, but at least now you won’t
need deep your pockets to get a copy!”
( Dana Gillespie, notas na capa da reedição de “Foolish Seasons”
)
“Foolish Seasons” corporiza mais um incompreensível exemplo dos
critérios editoriais vigentes na música do Reino Unido dos 60s. Gravado para a
Decca em meados de 1968 tinha tudo – talento, qualidade, coerência,
oportunidade -, para se transformar num sucesso contemporâneo. À revelia de
todas as evidências ( estas linhas são escritas à luz do que a história guardou,
cinco décadas depois e isso pode fazer toda a diferença ), a editora não lhe
terá valorizado os méritos e o álbum acabou apenas publicado nos Estados Unidos
em Março de 1969. Passou despercebido num mercado que na área apresentava grande
oferta e como tal vendeu próximo do zero.
No entanto “Foolish Seasons” é um disco brilhante, luminoso,
oscilando entre o folk e o pop britânico e continental da época. Tal diversidade
poderá todavia ter constituído o seu calcanhar de Aquiles.
Ao tempo Dana Gillespie já gravara uns singles para a PYE mas
perseguia o estatuto de singer songwriter e ansiava gravar um LP. A
oportunidade surgiu quando a Decca, na sequência dos referidos singles, lhe
propôs um contrato. Dana e o produtor Wayne Bickerton começaram a reunir canções.
O tema título e “He loves me, he loves me not” são originais da cantora,
todavia a maioria são covers. De Donovan: “You just gotta know my mind”, que o
próprio nunca gravaria; de Billy Nichols ( que entretanto publicaria as suas duas
contribuições no magnífico “Would you believe” ); de Michel Polnareff ou de Richard
Farina.
Os participantes arregimentados para as gravações incluíam
membros dos Manfred Mann, bem como conceituados músicos de sessão: Big Jim
Sullivan, John Paul Jones, Herbie Flowers e Jimmy Page.
“Foolish Seasons” o tema que dá título ao álbum é
particularmente belo, a cover de Donovan permanece uma sólida curiosidade
histórica, “Dead” ( assinado por Joe Huffman e Moses Dillard ) uma pérola que Dana
certamente gostaria de ter escrito enquanto “Hard Lovin’ Looser” rivaliza com a
interpretação que Judy Collins havia produzido para o álbum “In my life”.
O bónus são dois temas originais que Dana gravou para um posterior
single e que até hoje permaneciam inéditos.
Por todas as razões aqui apontadas e, porque a edição
original americana, é hoje transacionada por valores aproximados a vários
barris de crude, a recente reedição, ainda que limitada, é muito bem vinda.