É uma espécie de quadratura do círculo ou, como é bem agora
dizer-se, isto anda tudo ligado.
Os Stumpwater
foram ( e permanecem ) um trio semi-acústico que emergiu de Aurora / Illinois
no inicio da década de 70 do século passado.
No auge da corrente dos “singer-songwriters” a aderência do
trio aquele paradigma, não sendo óbvio, foi natural. Contudo havia algumas
nuances no som dos Stumpwater; desde
logo incursões para-psicadélicas pouco comuns na escola dos singer-songwriters,
intimista e confessional por natureza. A isto adicionavam uma atmosfera que
hesitava entre a ruralidade do interior e a sofisticação das costas, este e
oeste. Algo próximo de um country-folk de filigrana com laivos de psicadelismo.
Ao escutar “Motel in Saginaw” o disco que a
banda gravou em 1973 e que só muito recentemente conheceu publicação,
percebe-se que Loudon Wainwright III,
CSN&Y, Simon & Garfunkel ou David
Blue eram influências decisivas, magistralmente casadas com o bucolismo dos
grandes espaços rurais.
A este propósito, um exercício curioso será por exemplo escalpelizar
o som dos Arrogance de Don Dixon ( Carolina do Norte ) ou Major Arcana ( Wisconsin ) em meados
dos 70s e tentar perceber quem influenciou quem.
“Motel in Saginaw” são 13 magnificas canções ( mais 2 porque a
edição de vinil inclui também um single com gravações de 1976 ) que ora sugerem
o Neil Young da época ( “Blind
Darkness” ), a sonoridade impar de Simon
& Garfunkel ( “Now that he’s
passed away” ), ou o country-rock sofisticado de Arlo Guthrie ( “Tired Man” ).
Acresce ainda “Romantic Courtship Turns Into Boring Marriage
Blues”, um tema que seguramente nunca teria existido caso Loudon Wainwright III não tivesse escrito “Motel Blues” para o seu “Album
II”.
Perguntarão: mas por que razão um disco assim demorou 46 anos
a ser publicado? Pois …