Mentor, Cleveland / Ohio, 1964. Influenciados pela chamada “British
Invasion” um grupo de miúdos forma uma banda. Auto denominam-se The Mods. Gravam dois singles imberbes.
Dois anos volvidos decidem mudar o nome para The Choir.
No período compreendido entre 66 e 70 a formação sofreu meia
dúzia de alterações. Por lá passaram entre outros Joe Walsh ( futuro guitarrista de James Gang e dos Eagles
) e Eric Carmen ( membro fundador
dos Raspberries, mais tarde solo mainstream
pop singer ). O resultado foi a publicação de um conjunto de singles de entre
os quais um que ficou para memória futura: “It’s Cold Outside”.
Estabilizados na forma de um quinteto: Phil Giallombardo ( órgão ), Randy Klawon (
guitarra ), Denny Carleton ( baixo ), Jim
Bonfanti ( bateria ) e Kenny Margolis ( piano ), em Fevereiro de 1969 os The Choir gravam um conjunto de canções
destinadas à publicação do seu primeiro álbum. Do resultado daquelas sessões
não houve noticias durante cerca de 48 anos; até que alguém recentemente
escutou as fitas e decidiu avançar para a respectiva publicação.
E a pergunta que hoje se coloca é: what if … ? Sim, o que
teria acontecido se “Artifact:
The
Unreleased Album” tivesse sido dado a conhecer a seu tempo?
Acantonadas entre clássicas harmonias pop / rock, o vaudeville
pop dos Kinks ( não é surpreendente
a versão de “David Watts”, um original de Ray
Davies para o álbum “Something Else” ), o pop escorreito
dos Bee Gees da época e as teclas ( órgão
sobretudo ) roubadas aos primeiros discos dos Procol Harum ou The Band,
as 10 canções que integram “Artifact” são um puro deleite, qualquer
que seja a perspectiva escolhida para a abordagem.
“Anyway I can” ou “If these are men” antecipam o power pop
dos Raspberries ( banda que uma parte
dos The Choir viria a formar em 1972
), “Ladybug” é Procol Harum em estado puro, “For Eric” um tema jazz
incrustado por óbvia latinidade e, “It’s All Over” um mini
épico que Robin Gibb não se teria
importado de assinar.
Tudo somado, “Artifact: The Unreleased Album” é constituído
por um conjunto de canções de mão cheia, com as “bridges” e “chorus” no devido
sítio, repleto de cativantes melodias, arranjos por vezes complexos mas sempre apelativos.
“What If …?” é de facto uma pergunta pertinente.