“More Blood, More Tracks” não reescreve a história; dota-a de uma perspectiva adicional.
“Blood on the Tracks” o legendário álbum que Dylan publicou a meio dos 70s pouco
antes de iniciar o também lendário Rolling
Thunder Review Tour conheceu uma génese peculiar. Depois do quase equivoco que representou a
sua passagem pela Asylum, Dylan
procurava uma nova motivação e por arrasto uma outra forma de compor / estruturar
as suas canções.
O plano para as sessões
de gravação no outono de 74 começou por incluir uma banda de músicos de sessão
mas rapidamente Dylan mudou de ideias, guardando apenas o baixista Tony Brown.
O que se escuta agora em “More Blood, More Tracks” são takes gravados em Nova Iorque nos
estúdios da Columbia a 16, 17, 18 e 19 de Setembro de 74. As famosas “sessões
dos botões” como são conhecidas entre os fãs ( em determinadas passagens é
possível escutar os botões do vestuário de bob Dylan em contacto com a caixa da
guitarra ).
Maioritariamente acústicos ( apenas o baixo de Tony Brown
nalguns temas ) os 10 takes escolhidos ficaram prontos para publicação (
alinhamento e capa concluídos inclusivamente ). Porém, antes do final do ano,
Dylan voltou a mudar de ideias e de regresso a Minneapolis, com o apoio de uma “session
band” regravou cinco dos 10 temas previstos para o álbum.
A edição de “Blood on the Tracks” que chegou às
lojas no final de Janeiro de 75 representava uma mescla das sessões de Nova Iorque
e Minneapolis.
O que se escuta agora em “More Blood, More Tracks”
é o resultado exclusivo do trabalho de Dylan e Tony Brown em Nova Iorque. 11
canções em estado puro, autênticas, cortantes e absolutamente orgânicas. Dylan
no auge da sua carreira, enquanto instrumentista e cantor, porque no que
respeita à composição é toda uma outra história.
11 canções, porque o extraordinário “Up to me” ficou de fora
do alinhamento de “Blood on the Tracks”. O tema foi entretanto divulgado na
compilação “Biograph” em 1985. Porém este é um outro take ( um dos 7 gravados
a 19 de Setembro de 74 ) mais extenso,
lento e colorido ( mais e melhor harmónica, quando se estabelece a comparação
com o take usado em “Biograph” ). Os botões da roupa,
esses estão lá, presentes e audíveis, como que para tornar a coisa ainda mais
autêntica.
Pena o design da capa desta edição, vulgar e fazendo uso de um
lettering a roçar o piroso.