10/12/18

Bob Dylan "More Blood, More Tracks"



More Blood, More Tracks” não reescreve a história; dota-a  de uma perspectiva adicional.

Blood on the Tracks” o legendário álbum que Dylan publicou a meio dos 70s pouco antes de iniciar o também lendário Rolling Thunder Review Tour conheceu uma génese peculiar.  Depois do quase equivoco que representou a sua passagem pela Asylum, Dylan procurava uma nova motivação e por arrasto uma outra forma de compor / estruturar  as suas canções.

O plano para as  sessões de gravação no outono de 74 começou por incluir uma banda de músicos de sessão mas rapidamente Dylan mudou de ideias, guardando apenas o baixista Tony Brown.  

O que se escuta agora em “More Blood, More Tracks  são takes gravados em Nova Iorque nos estúdios da Columbia a 16, 17, 18 e 19 de Setembro de 74. As famosas “sessões dos botões” como são conhecidas entre os fãs ( em determinadas passagens é possível escutar os botões do vestuário de bob Dylan em contacto com a caixa da guitarra ).

Maioritariamente acústicos ( apenas o baixo de Tony Brown nalguns temas ) os 10 takes escolhidos ficaram prontos para publicação ( alinhamento e capa concluídos inclusivamente ). Porém, antes do final do ano, Dylan voltou a mudar de ideias e de regresso a Minneapolis, com o apoio de uma “session band” regravou cinco dos 10 temas previstos para o álbum.

A edição de “Blood on the Tracks” que chegou às lojas no final de Janeiro de 75 representava uma mescla das sessões de Nova Iorque e Minneapolis.


O que se escuta agora em “More Blood, More Tracks” é o resultado exclusivo do trabalho de Dylan e Tony Brown em Nova Iorque. 11 canções em estado puro, autênticas, cortantes e absolutamente orgânicas. Dylan no auge da sua carreira, enquanto instrumentista e cantor, porque no que respeita à composição é toda uma outra história.

11 canções, porque o extraordinário “Up to me” ficou de fora do alinhamento de “Blood on the Tracks”. O tema foi entretanto divulgado na compilação “Biograph” em 1985. Porém este é um outro take ( um dos 7 gravados a 19 de Setembro  de 74 ) mais extenso, lento e colorido ( mais e melhor harmónica, quando se estabelece a comparação com o take usado em “Biograph” ). Os botões da roupa, esses estão lá, presentes e audíveis, como que para tornar a coisa ainda mais autêntica.

Pena o design da capa desta edição, vulgar e fazendo uso de um lettering a roçar o piroso.