Que conste, Glenn
Phillips nunca integrou as listas dos “melhores guitarristas” do rock e
periferias. Não obstante é responsável por dois discos enormes: “Music
to eat”, no colectivo da Hampton
Grease Band ( 1971 ) e, a solo, “Lost at sea” ( 1975 ).
O americano nunca procurou ser um instrumentista
“convencional” – e dizendo isto, estamos a pensar em nomes como Lowell George,
Clapton, Mike Bloomfield ou mesmo Ry Cooder. Phillips é, como estes, tecnicamente
dotado, mas entra por territórios exploratórios adentro; como Roy Buchanan, Robert Fripp, Jerry Garcia
ou John McLaughlin.
“Glenn Phillips, At The Rainbow”, resulta da recuperação de
gravações efectuadas no palco do londrino Rainbow em Novembro de 1977. Com
excepção do inédito “Drive on”, os oito temas são recriações de títulos
incluídos nos dois primeiros álbuns: o já citado “Lost at sea” e o acabado
de publicar, “Swim in the wind”. Na contracapa do álbum, o texto refere que os
membros do trio que acompanha Phillips nestas actuações pouco tinha tocado junto
enquanto grupo. Algo que custa a acreditar quando se escuta a prestação do
conjunto nestas gravações.
Logo no inicio, através de “The Flu” ficamos a saber ao que vêm.
A abertura do tema relembra de imediato “Birds of fire”, esse monumento erigido
pela Mahavishnu Orchestra um par de anos antes. Depois, a partir daí e até ao fim é toda uma
incandescente sequência de solos de guitarra que se cruzam com os silêncios, evocações e urgência das melodias,
sempre com a guitarra funcionando como instrumento de liderança e coesão.
E quando se escutam as
versões de “Dogs” ou do épico “Phoebe”,
é difícil compreender como foi possível estas fitas terem permanecido tantos
anos na gaveta. E sim , Phillips é definitivamente um dos grandes guitarristas
da sua geração.