Alguns discos contam-nos histórias, outros relatam-nos a
História. Uns e outros acabam na prateleira dos clássicos, mas os últimos têm
papel importante na compreensão da cultura e do mundo à nossa volta. “Ork
Records: New York, New York” é desses um exemplo maior.
Perspectivando: meados dos 70s. O prog-rock aproximava-se do
seu estertor e o punk era ainda uma vaga ideia. O underground de Nova Iorque
fervilhava e no palco do CBGB o rebuliço era grande. Patti
Smith e Television deixavam o casulo. Terry Ork, um manager atento e
perspicaz, criou a sua própria editora e, respectivamente, gravou os icónicos
“Piss Factory” e “Little Johnny Jewel”. O resto é história, tão interessante
quanto importante.
Sempre com o CBGB em mira e a New York Renaissance como pano
de fundo, Ork e o sócio Charles Ball publicaram muita da música que definiu o
tempo e o modo da cidade. As primeiras
composições dos Feelies, o EP de
estreia de Richard Hell, Chris Stamey em processo de formatação dos dB’s, os Marbles, Alex
Chilton na ressaca dos Big Star, Lenny Kaye escondido atrás dos Link Cromwell, Lester Bangs depois da
Rolling Stone e da Creem, Peter Holsapple, Richard Lloyd …
“Ork Records:
New York, New York” compila 49 temas com história. Desce à mais obscura das caves,
trazendo à superfície pedaços de memórias que, doutra forma, nunca se
conheceriam. O formato pode ser em vinilo ou cd; o fundamental é mesmo a música
e as 109 páginas do livro que explica porque e como foi criada.