Uma das metades de Windy and Carl, Carl Hultgren acaba de
publicar “Tomorrow”, o seu primeiro registo a solo.
Após ter digerido com avidez os dois últimos trabalhos do duo
de Michigan, particularmente o soberbo “Songs for the broken hearted”, não
sabia muito bem o que esperar de “Tomorrow”.
Os receios foram porém dissipados logo com as primeiras
audições. A estrutura arquitectónica daquilo que é suposto ser a matriz
criativa de Hultgren surge intacta, com as conhecidas divagações cósmicas pelo
drone, space e, em simultâneo, pelos
inconciliáveis caminhos da electrónica e do bucolismo.
Em “Tomorrow” não existem vocalizações,
ao contrário do que sucede nos trabalhos do duo. Mas as guitarras atmosféricas
e as teclas projectam-se no horizonte como é hábito, não deixando espaço para
nenhuma dúvida sobre a origem desta música tão elaborada e, ao mesmo tempo, tão
simples.
Pode até parecer fácil, mas cruzar os arpejos da guitarra de
Vini Reilly ( “No Other”, “In this land” ) com as telas cósmicas dos Stars of
Lid ( “Spirits” ) ou a densidade da kosmische musik ( “Hidden” ) não é possível
sem talento e mestria. 72 minutos de sensações “do outro mundo”.