Ao que se sabe, Chris
Forsyth teve como professor Richard Lloyd e isso é patente em “Solar
Motel”.
Constituído por quatro extensos temas – “Solar Motel I, II,
III e IV” – o mais recente registo do guitarrista mantém a matriz habitual –
fusão de conceitos art-rock, com o blues, o rock, o psych, a improvisação e,
todos, com a tradição instrumental da guitarra americana.
No abstracto pode até parecer megalómano, mas o talento de
Forsyth faz com que resulte, e na perfeição.
“Solar Motel I” começa sereno como se as guitarras de Lloyd e
Verlaine trocassem arpejos numa descontraída sessão de “Marquee Moon”; termina
incandescente, come Ben Chasny ali ao lado, no palco, digladiando-se com Ethan
Miller e restantes Comets on Fire.
O mote está dado. “Solar Motel II e III” alinham pela mesma
bitola. Peças âncora do disco, vão mais longe e recuperam muita da iconoclastia
e hipnotismo que no passado emergiram das prestações de John Fahey e Robbie
Basho. “American Primitive Guitar Music” chamam-lhe. Talvez sim. Mas feita de
sons quentes e multicores, como só os grandes artesãos conseguem. Um disco de
muitos anos.