E no entanto ela
move-se”, afirmou
Galileu acerca do movimento de translação da Terra, defendendo a sua teoria
heliocêntrica, apesar da oposição da ortodoxia católica e perseguição da
Inquisição.
Exageros comparativos excluídos, acerca dos Mugstar, apetece-me dizer: “E no entanto eles existem”, apesar da
indiferença quase total dos órgãos de divulgação mainstream e promotores de
concertos, alternativos inclusos. Através de “Axis”, a banda de
Liverpool terá atingido a maioridade na
vertente criativa e o zénite no campo interpretativo. A fórmula mantém-se
inalterável - doom-psych-space-acid-kraut-rock
– numa paleta caleidoscópica capaz de fazer inveja a veteranos como Dave Brock
ou Nik Turner. A sonoridade metronómica
herdada dos Neu, quase sempre aliada à narrativa guerrilheira resgatada aos Hawkwind, constitui o ADN Mugstar.
Ama-se ou detesta-se, ponto.
Depois das experiências “outer limits” que revestiram a banda
sonora “Ad Marginem”, “Axis” regressa ao paradigma Mugstar,
puro e duro. E está mais próximo do homónimo cd estreia ou de “Sun,
Broken”, que de “Lime”, o qual procurou o seu espaço
junto do krautrock.
Com três temas arrasadores a abrir – “Black Fountain”,
“Hollow Ox” e “Tangerina”, - “Axis”
não faz prisioneiros. Encanta tanto quanto hipnotiza. Provoca uma incontrolável
vontade de regressar às memórias seminais de “Space Ritual” ou “Vincerus
Eruptum”. A abrir o lado B, para quem optar pelo versão em vinil, “Axis
Modulator”, alicerçado numa secção rítmica tonitruante e ferozmente tribal é
uma peça demolidora, um patamar de barbaridade sonora que bandas como Black
Keys, Psychic Ills ou Ty Segall nunca lograrão atingir. Soberbo.