“Ad Marginem” constitui a banda sonora de um projecto assinado a
meias por duas raising stars do actual underground de Liverpool : Liam Yates,
membro dos Black Magician (filme) e Mugstar (música).
A par dos Dead Sea Apes, os Mugstar são uma dos mais
interessantes e promissoras propostas instrumentais a emergir em Inglaterra nos
últimos anos. Esteticamente, os
psiconautas de Liverpool tenderão a ser colocados próximos do paradigma
Hawkwind, ainda que qualquer um dos seus 3 CDs deixe em aberto muitas outras
pistas; desde logo as que conduzem ao doom, ao drone e, mais vincadamente, ao
krautrock.
“Ad Marginem” mantém-se dentro das baias atrás referidas, porém
aproveita o facto de se tratar de um projecto experimental para ir mais longe. Até
onde? Bom, para além da sonoridade habitual, o quarteto perscruta os caminhos da “kosmische musik”,
percorre espaços abertos por “Live at Pompeii” e retorna às
paisagens pungentes dos Slint. Tudo, sem abdicar da sua personalidade musical,
patente por exemplo na emergência das guitarras propulsivas do histriónico
“Death Hunter”, desde já um clássico.
Envolvente e algo lisérgico, “Ad Marginem” é
absolutamente aditivo. Depois de o escutar, dei por mim a cogitar sobre as
bandas sonoras de “More” e “Obscured
by clouds”…