“Every record
should be compared to silence – silence is perfect, what are you going to put on
it?”
Numa simples frase Paul
Buchanan definiu todo a sua carreira enquanto músico e compositor de
canções. Na verdade, quer enquanto força propulsora dos Blue Nile, quer agora a solo, Buchanan nunca produziu nada que não fizesse
sentido ou, se quiserem, que não fosse necessário. Tudo teve sempre um
propósito e nenhuma nota ou palavra ficou fora do sítio. A obra é de facto curta
tendo em conta que começou nos anos 80, mas quando não há nada de novo para
dizer, é sensato ficar-se calado.
“Mid air”, o primeiro registo a solo do escocês é um repositório
de poesia e silêncios induzidos. Um daqueles registos que devem ser escutados
recatadamente pois, tal como é vulgar acontecer com Bill Fay ( outro exemplo de
sensatez, talento e incompreensão geral ) só aí é possível sentir cada palavra,
cada acorde, cada espaço propositadamente não preenchido. Pensar as sensações.
O tema título:
“The buttons on your collar, the
colour of your hair, I think I see you everywhere, I want
to live forever, and watch you dancing
in the airAll the lies and make believe, the very things that one day leave mid air, but I can see you standing in
The girl I
want to marry, up on the high trapeze, the day she fell and hurt her knees, and
only time can make you
The wind that
blows away the leaves, for everuthing that life was worth, the fallen snow, the
virgin birth, I can see you standing in mid air, I can see you standing in mid
air”
funciona como mote para um espaço onde a música/texto estão
para além da linha que separa o vulgar do perene. A prova de que “less is more”
( pouco mais que voz, piano e alguma orquestração ) “Mid Air” será porventura um dos trabalhos mais ignorados
quando o ano de 2012 terminar. Mas voltaremos a ele mais tarde, sempre que for
necessário caracterizar talento, simplicidade e magnificência.
Tal como é de resto habitual fazer-se hoje com “Songs from a room” de Cohen, “Blue” de Joni Mitchell, “Bill Fay” do próprio, ou “Stormcock” de Roy Harper …