1973. Após abandonarem as bandas que ajudaram a formar, Kaleidoscope e Moby Grape respectivamente, Chris Darrow e Bob Mosley davam os primeiros passos a solo. Actividades relativamente mal sucedidas à época , apesar de “Artist proof” do primeiro e “Bob Mosley”, serem hoje olhados como peças importantes na história da música californiana dos 70s.
Cumplicidades pessoais e profissionais antigas, bem assim como um manager comum, foram o pretexto , - motivo e a oportunidade -, para uma óbvia colaboração entre ambos. Daí até ao nascimento da Darrow Mosley Band foi um tiro.
Para o efeito foram arregimentados: Frank Reckard ( guitarras ), John Craviotto ( bateria ), Loren Newkirk ( teclas ), Claudia Lennear, “Brown Sugar” para os Stones e Jennifer Warnes, Miss “Famous Blue Raincoat” para Cohen ( vozes ).
Sabe-se hoje que gravaram apenas três canções, com as quais tentaram convencer os executivos da Warner Bros. As fitas contudo acabaram guardadas numa cave, como por esta altura o leitor certamente já percebeu.
Em boa hora resgatadas e publicadas com o acordo dos criadores e restantes intervenientes, dão-nos finalmente a conhecer um colectivo que poderia ter sido enorme, caso lhe tivessem permitido abandonar os blocos de partida.
Em matéria de composição não existem em "Desert Rain" grandes novidades. “Albuquerque Rainbow” teve a sua estreia ainda no decorrer de 1973, no álbum homónimo de Chris Darrow; “I wish it would rain” fora imortalizado pelos Temptations em 1967; por seu turno, “Beautiful day” constitui a versão lenta de “It’s a beautiful day today”, um tema que Mosley escrevera para “Moby Grape 69”.
Porém, nas vertentes instrumental e vocal, a matriz é soberba e irá deixar a salivar os fãs dos Kaleidoscope, Moby Grape e de tudo o que fica pelo meio ( Flying Burrito Bros, Manassas, Jo Jo Gunne, etc ), com excepção dos Eagles.
Estão pois de parabéns a Shagrat Records e Nigel Cross pela descoberta e publicação de mais esta preciosidade perdida no tempo. O formato escolhido para a edição ( EP de 10” ) e o inspirado design de John Hurford , contribuem para realçar ainda mais a exclusividade deste magnifico artefacto. “A labour of love”.